Habitados pela presença de Deus

Não há férias, nem suspensão da nossa relação com Deus e com os outros. A ‘quarentena’ forçada aponta para uma Quaresma de conversão ao Evangelho, e para a proximidade de uma Páscoa de renovação e de vida nova. A interrupção das nossas rotinas há de ser acolhida como oportunidade para um novo hábito, tantas vezes relegado para um futuro sempre adiado.

QUARENTENA

A Quaresma não foi suspensa, nem está cancelada. Talvez até possa estar mais e melhor ativa em todos. É claramente reforçada pelas medidas necessárias e condicionalismos inerentes a esta imperativa ‘quarentena’.

Não há férias, nem suspensão da nossa relação com Deus e com os outros. A ‘quarentena’ forçada aponta para uma Quaresma de conversão ao Evangelho, e para a proximidade de uma Páscoa de renovação e de vida nova.

As circunstâncias não determinam um ‘intervalo’ nas nossas vidas. Cada dia é sempre um dom, que nos revela, com clareza, as ambiguidades, os erros e pecados da vida pessoal e comunitária, mas que também evidencia os sinais do amor sempre mais forte do que o pecado e a morte.

A interrupção das nossas rotinas há de ser acolhida como oportunidade para um novo hábito, tantas vezes relegado para um futuro sempre adiado. Eis a possibilidade de saborear, no tempo disponível, a ‘palavra que sai da boca de Deus’, através da leitura diária da Bíblia (como o plano do Laboratório da fé).

Aprofundemos a qualidade do diálogo e da presença em família. Mantenhamos o contacto com os ausentes, os emigrantes, os distantes, os doentes, os idosos, em casa, em lares ou hospitais. Estão entre os que mais sofrem as medidas de contenção da propagação do vírus.

Não deixemos o domingo ‘vazio’ de Deus. A casa/família, ‘igreja doméstica’, há de assumir-se, mais do que nunca, como ‘casa de oração’, na qual se aprofunda a alegria do encontro pessoal com Jesus Cristo (catequese familiar) e se vive uma renovada ‘liturgia’ (cf. a proposta disponível).

Ao lavar as mãos, por exemplo, podemos rezar o Pai-nosso: dura exatos 20 segundos, o tempo recomendado pelas autoridades de saúde.

Aproveitemos também para exercitar a saudável ‘oração do coração’, que confirma e completa as fórmulas de oração rezadas em grupo.

Meditar, rezar, caminhar, assistir a um bom filme/série, viver a pura alegria do dom e da gratidão, ‘viajar’ nas páginas de um bom livro... Recolher-se, promover a interioridade, não é um castigo, mas abertura plena ao mistério da vida sempre habitada pela presença de Deus.