Um banquete
8 de Outubro de 2020Carlo Acutis
10 de Outubro de 2020VIGÉSIMO OITAVO DOMINGO, ANO A
A mesa da bondade está preparada para todos os que queiram participar na boda e partilhar a alegria: «a sala do banquete encheu-se de convidados». Há apenas um único requisito: para tomar parte entre os comensais, é necessário apresentar-se de forma digna, ou seja, estar revestido da alegria do Evangelho.
‘Um banquete’
Sentar-se à mesa e partilhar a refeição, mais ainda quando se trata de festa, é uma imagem universal em quase todas (ou mesmo todas) as culturas. Um banquete faz-nos pensar em hospitalidade e amizade, alegria e festa.
Jesus Cristo serve-se desta experiência humana, como em tantas outras parábolas, para nos transmitir o Evangelho, a boa notícia de Deus. Até a eucaristia foi instituída numa refeição!
Pensemos no que tem acontecido nos tempos de confinamento e de contingência motivados pela pandemia do coronavírus. Muitas das tentativas em ignorar as regras são precisamente para fazer festa, partilhar uma refeição com familiares e amigos.
Na parábola, não se trata de mais uma festa, mas do banquete nupcial do filho do rei. Como é possível que haja quem recuse o convite? Porque é que alguns não querem participar?
O banquete preparado pelo rei para o casamento do filho é a aliança oferecida por Deus através da entrega de Jesus Cristo. Desta aliança, a eucaristia é um dos sinais mais perfeitos, assim como há de ser, ainda que de maneira imperfeita, a vida dos cristãos (e da Igreja) no meio do mundo. Não é verdade, que o convite continua a ser recusado, às vezes até por cada um de nós?!
O mais bonito, e porventura provocador, é que Deus não desiste do banquete, não abdica de querer salvar a todos, não deixa de convidar, quer reunir toda a humanidade em sua casa.
Hoje, não tomemos apenas as faltas aos sacramentos ou outros momentos comunitários de celebração da fé. Lembremos também o escândalo que é deixar milhões de pessoas fora do banquete de uma vida humana digna. Lembremos os atropelos que causamos ao planeta Terra, nossa Casa Comum. Se nada fizermos de pouco, tudo permanecerá na mesma!
São muitas as desculpas que inventamos para não atender às necessidades de quem hoje pode ser o nosso próximo (como sugeriu Jesus Cristo noutra ocasião com a parábola do Bom Samaritano). Somos desafiados à conversão, à ousadia de viver conforme os critérios de Deus.
Festa da caridade
A vida em comunhão com Deus é descrita como uma manifestação de amor e alegria. O cansaço e a tristeza, a lamentação e o pessimismo ficam do lado de fora.
Tantas vezes a Bíblia usa a imagem festiva do banquete para descrever o amor divino. Porque não fazermos o mesmo para despertar nos outros o desejo de Deus?
Só o testemunho alegre e autêntico da comunhão e do amor fraterno podem causar fascínio e contagiar o coração de quantos observam a nossa vida pessoal e comunitária.
A alegria e a caridade podem ser dois sinais proféticos para a credibilidade da nossa fé. Como seria bom se cada um de nós pudesse, ao fim do dia, dizer cheio de alegria: hoje, realizei um gesto de amor pelos outros!