Vinde, benditos de meu Pai
19 de Novembro de 2020Trigésimo Quarto Domingo, Ano A
20 de Novembro de 2020TRIGÉSIMO QUARTO DOMINGO, ANO A
A solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo coloca um ponto final no ano litúrgico que percorre a vida, morte e ressurreição do Senhor. Para nós, cristãos, o fim dos tempos já teve o seu início em Jesus Cristo, que nos há de conduzir até à plenitude.
‘Vinde, benditos de meu Pai’
Estamos no último domingo do ano litúrgico, acompanhados pelo evangelista Mateus, do qual recebemos esta parábola conhecida como ‘juízo final’. Estes últimos versículos do vigésimo quinto capítulo falam de Jesus Cristo como ‘Filho do homem’ rei e glorioso que, no final dos tempos, examina a vida de cada pessoa, segundo a prática das obras de misericórdia.
A proposta deste texto na solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, mostra que a primazia ou realeza não se exerce na lógica do poder, mas do amor. O Senhor, que conhece a situação pessoal de cada um de nós, acompanha-nos no caminho até à nossa autêntica casa, a casa do Pai, na qual receberemos o dom da vida em plenitude.
Este último ‘episódio’ aponta a reflexão sobre a morte, o final do nosso caminho terreno, com o que fazemos no nosso dia a dia, à luz dos critérios apresentados por Jesus Cristo para tomar parte no seu reino glorioso. Aos que nos esforçamos na prática da caridade há de nos ser dito com alegria: «Vinde, benditos de meu Pai».
O juízo é descrito de modo muito gráfica e popular: mais do que a adesão da fé proclamada pelos lábios, Jesus Cristo propõe a ação da caridade concreta em favor dos mais necessitados. Assim ilustra a coerência que vincula o amor a Deus com o amor aos irmãos.
O Senhor está presente nos mais descartados da sociedade. As obras de misericórdia são uma proposta sublime, que nos identifica com Jesus Cristo, no serviço e amor aos ‘mais pequeninos’. A vivência das obras de misericórdia provoca uma pergunta essencial: Qual é o ‘lugar’ que tenho no meu coração para os ‘irmãos mais pequeninos’? Como é que o pratico no dia a dia?
Os nossos ‘talentos’ são, de facto, a atenção aos mais necessitados, a prática do amor solidário aos ‘mais pequeninos’ da sociedade. A morte também nos une na avaliação da nossa vida, agora e sempre, com este critério válido para todos, pois, não só é muito humano, como totalmente evangélico: as boas obras do amor aos irmãos. Amar é (sempre) o mais importante!
Examinados pelo amor
Os «irmãos mais pequeninos» nos quais Jesus Cristo se torna presente e visível são os famintos, os sedentos, os nus, os peregrinos, os doentes, os prisioneiros... Todos os que, mesmo sem o verem neles, praticam as obras de misericórdia, recebem o convite: «Vinde, benditos de meu Pai; recebei como herança o reino».
Aqui está o sentido cristão da existência terrena, o critério de avaliação da qualidade da nossa vida: «Quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes». São João da Cruz exprimiu-o desta forma: «Ao entardecer desta vida, examinar-nos-ão no amor».
Jesus Cristo não quer a nossa condenação; quer que aprendamos a viver a dinâmica do amor, no serviço aos irmãos.