Décimo Quarto Domingo, Ano A
4 de Julho de 2020Preparais a terra
9 de Julho de 2020A confiança facilita a expressão do desacordo, com sinceridade e simpatia, sem ferir a boa relação e a amizade. É, aliás, o melhor antídoto contra a agressividade. É a via mais adequada para superar as diferenças, uma vez que na sua base está o amor capaz de acolher todas as distâncias e ultrapassar todas as barreiras.
CONFIANÇA
O ficar calado em face de um desacordo e o vigoroso protesto que provoca a rutura podem ser superados com eficácia através da virtude da confiança.
É comum, pelo menos em ambientes religiosos e familiares, exaltar a paciência e a resignação, sobretudo quando se trata de aceitar, com obediência, as decisões tomadas por outros.
Nos nossos dias, a paciência não goza de boa reputação, sendo muitas vezes preterida em favor de um legítimo apelo ao direito e à justiça, ou até ao protesto e à rebeldia.
Entre uma e outra, a confiança remete para a boa relação que se estabelece entre duas pessoas ou dentro de um grupo. Quando confio, aceito com mais agrado o que é dito pelo outro, ainda que nem sempre haja a mesma opinião.
A confiança está relacionada com a ‘parresia’, expressão usada com frequência pelo Papa Francisco, que pode ser traduzida pelas duplas da coragem e franqueza, da ousadia e verdade. Trata-se de expor o pensamento com liberdade, sem temer qualquer julgamento da parte do outro. Quando, pelo contrário, surge a desconfiança, abrem-se as possibilidades à mentira, à corrupção do coração, às vezes até sob a máxima artimanha forma de bajulação.
A confiança facilita a expressão do desacordo, com sinceridade e simpatia, sem ferir a boa relação e a amizade. É, aliás, o melhor antídoto contra a agressividade. É a via mais adequada para superar as diferenças, uma vez que na sua base está o amor capaz de acolher todas as distâncias e ultrapassar todas as barreiras.
Naquelas relações em que a desconfiança começa a ganhar terreno, o primeiro passo mais adequado é adiantar-se na partilha com o outro sobre o que está a proporcionar a falta de confiança. É importante conhecer os receios, esclarecer as dúvidas e, porventura, corrigir as circunstâncias que estão a gerar a desconfiança.
Confiar é dar valor ao outro, o que potencia a autoestima, demonstra compreensão, evita a rutura, oferece a possibilidade de um caminho sinodal. A confiança abre as portas ao discernimento, contribui para o mútuo crescimento, acredita que é possível superar os desacordos e aponta para um futuro renovado e auspicioso.