Não haja divisões entre vós
23 de Janeiro de 2020Uma vez por todo o ano
25 de Janeiro de 2020TERCEIRO DOMINGO, ANO A
‘Domingo da Palavra de Deus’ é, a partir de agora, por iniciativa do Papa Francisco, na Carta Apostólica pela qual se institui o Domingo da Palavra de Deus, a designação que caracteriza este Terceiro Domingo (Ano A): «dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus».
A novidade da palavra divina
Deus ‘fala’ à nossa vida, ensina a viver o quotidiano, nos passos de Jesus Cristo e na partilha da alegria do Evangelho com toda a gente. Uma permanente novidade brota da leitura/escuta dos textos bíblicos que nos fazem experimentar uma sensação agridoce: a ‘doçura’ de quem saboreia uma boa notícia e, ao mesmo tempo, a ‘amargura’ de reconhecer que nem sempre a acolhemos e pomos em prática, quando «não se considera válida para dar sentido à vida».
Todos estamos convidados a descobrir a constante novidade da palavra divina, a não a tomarmos «por mero hábito», mas a alimentarmo-nos dela «para descobrir e viver em profundidade a nossa relação com Deus e com os irmãos».
Não haja divisões entre vós
Um desafio à relação com Deus e os irmãos está patente na segunda leitura: «Não haja divisões entre vós». A exortação dirige-se à comunidade de Corinto fragmentada em pequenos grupos rivais com os seus próprios líderes. Exorta à unidade que brota do batismo, pelo qual nos tornamos membros do Corpo de Cristo, família dos filhos de Deus.
As comunidades cristãs continuam a viver apoiadas em mesquinhices humanas. O alerta também é para nós. Pensemos na nossa comunidade (paroquial). Analisemos os nossos pequenos grupos. São fundamentais para alimentar a fé. Mas também se podem tornar em fonte de divisão e conflito.
Uma comunidade saudável promove a concórdia entre os pequenos grupos através de uma só mensagem que brota da Sagrada Escritura.
A indiferença como ‘a arte de evitar pessoas’
A reflexão não se aplica apenas aos grupos paroquiais. Antes disso possui um alcance individual. Como é que eu me situo na vida comunitária?
Há uma forma subreptícia de divisão que nem sempre temos presente no exame de consciência: eu não me meto com ninguém; cada um cuide da sua vida; não faço mal a ninguém; por mim está sempre bem… Sem darmos conta, são uma forma de promover ‘a arte de evitar pessoas’, são afirmações que, pela indiferença, espelham a divisão, em nada promovem o acolhimento e a comunhão no seio da comunidade.
Não podemos assumir um estilo de vida anestesiado pela indiferença. «Quase sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista do drama dos outros, nem nos interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que não nos incumbe» (EG 54).
Seguir Jesus Cristo é deixar o ambiente indiferente que nos rodeia para entrar no ambiente da palavra de Deus: conversão, mudança de atitudes, desafio a aperfeiçoar os comportamentos.
Jesus Cristo anuncia o desejo de habitar em cada um de nós. Mas precisa da nossa resposta: abrir o coração, acolher a força transformadora da palavra divina.