
A arte de curar
10 de Fevereiro de 2024
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24 de Fevereiro de 2024PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA, ANO B
Estamos a caminho da Páscoa. Deus oferece-nos este tempo de purificação espiritual, nova oportunidade de cura, para chegarmos renovados à celebração pascal. Olhemos para dentro de nós, façamos o diagnóstico daquilo que habita o nosso coração.
“O compromisso para com Deus de uma boa consciência”
Deus não abandona a humanidade, antes acompanha e mostra o caminho a todos aqueles que se deixam ensinar, que abrem a sua mente e o seu coração aos ensinamentos divinos.
Humildes são esses homens e mulheres que se deixam ensinar por Deus. Indispensável ao crente, a humildade é também a condição fundamental para a conversão. Faz-nos bem, como o salmista, pedir: «Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos, ensinai-me as vossas veredas. Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me, porque Vós sois Deus, meu Salvador».
Um tempo de conversão, um tempo de purificação: eis a Quaresma! Somos convidados, neste itinerário quaresmal, a fazer memória agradecida do nosso batismo e a renovar a graça recebida desde o início da nossa vida nova em Cristo Jesus.
O que é o batismo? O que significa a purificação batismal? «Não é uma purificação da imundície corporal — afirma a Primeira Carta de Pedro — mas o compromisso para com Deus de uma boa consciência». Fazer memória agradecida e renovar a graça batismal é um compromisso a trabalhar por um mundo mais humano, em todas as dimensões.
Diagnóstico: Que se passa comigo?
O compromisso com Deus começa dentro de cada um de nós. «Isto implica deixar para trás, diríamos mesmo abandonar, as estradas velhas, todos os atilhos opressivos, lamentos, murmúrios, comportamentos desviantes, palavras ofensivas, ideias destruidoras, estatutos pretensiosos, tradições desadequadas, hábitos instalados, preconceitos» (Mensagem dos Bispos de Braga para o tempo de Quaresma-Páscoa 2024). Estes são alguns exemplos de tantos muros e nós que nos bloqueiam e atam; e nos impedem de caminhar no «compromisso para com Deus de uma boa consciência».
Deixemo-nos curar por Deus. Deus tem, de facto, o poder de desbloquear e desatar essas mil e uma coisas que emaranhamos dentro de nós. Nesta Quaresma, «vale a pena tentar curar, travando batalha contra a nossa resignação, contra a convicção de que é inútil tentarmos reerguer-nos, de que certas coisas não têm solução» (Fabio Rosini).
Mas também não tenhamos ilusões. «A arte de curar» exige um diagnóstico assertivo. O problema é que o desconforto, que habitualmente surge ao diagnosticarmos os nossos males (pecados), pode levar-nos a preferir ignorar ou desvalorizar o que está a acontecer dentro de nós. É preciso, com a ajuda de Deus, o sério compromisso de uma boa consciência. Isto significa que as nossas “dores” precisam de ser escutadas, nunca ignoradas. «Que se passa comigo? Porque é que isto me magoa ou porque fico tão furioso com aquilo? Porque me tenho sentido mal nos últimos tempos?».
Sem a coragem de ir à raiz daquilo que se passa no coração, sem o diagnóstico dos males, estaremos a desperdiçar a oportunidade de sermos curados.