Diagnóstico: Que se passa comigo?
17 de Fevereiro de 2024Curados pelo amor
9 de Março de 2024SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA, ANO B
Deixemo-nos levar, por Jesus Cristo, ao centro do nosso ser, aquele lugar que mais nos aproxima de Deus. Para, depois, nos trazer de volta, à nossa rotina diária, cheios de confiança, preparados para curar as feridas do pecado.
“Confiei no Senhor, mesmo quando disse: ‘Sou um homem de todo infeliz’”
O breve trecho da Carta aos Romanos (proclamado na segunda leitura) interpela-nos com várias perguntas, a fim de nos ajudar a refletir e a retirar algumas conclusões práticas para a nossa vida quotidiana.
Podemos, em primeiro lugar, transformar as perguntas em afirmações: Deus está por nós, nada há a temer. Deus dá-nos todas as coisas, de modo que, porque nos ama, nem sequer poupou a morte do próprio Filho. Somos salvo (justificados) por Deus; provam-no a morte e ressurreição de Jesus Cristo, que, junto do Pai, continua a interceder por nós.
A Quaresma, escreveu o Papa, na mensagem deste ano, é o tempo de graça e o lugar do primeiro amor. Deus «atrai-nos novamente a si e sussurra ao nosso coração palavras de amor». Lembremo-nos do amor divino, «quando nos falta a esperança e vagueamos na vida como em terra desolada, sem uma terra prometida para a qual tendermos juntos».
Um cântico de Taizé resume o essencial: «Deus é amor: atreve-te a viver por amor. Deus é amor: nada há a temer». Quem é capaz de viver em total confiança no amor de Deus, vence todas as dificuldades. O salmista testemunha que, até nas situações em que se sente infeliz, não deixa de confiar em Deus: «Confiei no Senhor, mesmo quando disse: “Sou um homem de todo infeliz”».
Deus é amor, nada há a temer!
A nossa vida quotidiana caminha entre luzes e sombras. As cinzas do primeiro dia da Quaresma recordavam a caducidade própria da condição humana e a nossa situação pecadora: fragilidade física e fragilidade espiritual. Os momentos em que damos conta da nossa fragilidade são tão frequentes! Doenças, morte, catástrofes, violência… como também o nosso egoísmo, a incapacidade de perdoar, as nossas incoerências, a indiferença diante das necessidades alheias.
Nesta ‘série’ quaresmal, «a arte de curar», é preciso ter o cuidado de não nos julgarmos tão fortes, a ponto de pensar que podemos, por nossa conta e risco, curar as feridas abertas pelo pecado. Esclarece Fabio Rosini: «Se não estiver bem agarrado à mão do meu Senhor, eu não tenho a força necessária para enfrentar uma viagem através das minhas mágoas». Acrescenta: «Ao longo dos anos tenho aprendido a não olhar de frente os meus erros, as minhas debilidades e ainda menos os meus pecados, a não ser acompanhado pela misericórdia de Deus». Há tanta gente que se tortura, porque não se deixa acompanhar pela confiança: Deus é amor, nada há a temer! «Para ver a beleza que há em nós precisamos dos olhos de quem nos ama».
No meio das trevas precisamos de aprender a acender a luz. É no desânimo que temos de avivar a esperança. No meio do egoísmo e do ódio precisamos de aumentar os gestos de amor. Transfigurar a fragilidade e as trevas em confiança e esperança.