Domingo de Ramos, Ano B
27 de Março de 2021Dei-vos o exemplo
1 de Abril de 2021A Semana Santa é tempo oportuno para «recebermos a graça do assombro», de modo a não cairmos numa «fé surda» corrompida pelo hábito, refugiada em legalismos e clericalismos, fechada nas lamentações, paralisada pelos dissabores, a ponto de não estar aberta ao dom do Espírito Santo, «que nos dá a graça do assombro».
SURPRESA
O Papa Francisco, neste Domingo de Ramos, sugeriu que vivamos a Semana Santa abertos à atitude interior do espanto, da surpresa.
Deixa-te surpreender pelo amor! Este pode ser o resumo da homilia, na qual o pontífice apresenta como exemplo de espanto a atitude do centurião (cf. Marcos 15, 39): «Este homem era Filho de Deus».
Francisco considera a postura do centurião como a «chancela da Paixão», «o ícone mais belo da surpresa». Aquele pagão encontra Deus ao ver Jesus Cristo «morrer amando, e isto maravilhou-o».
Conhecer Jesus Cristo é contemplar o amor divino que toca as nossas fragilidades, atravessa todas as feridas, para nos desafiar a acolher os descartados e humilhados da vida.
Eis «a força desarmada e desarmante do amor». Ao pé da cruz, deixa de haver lugar para adorar e temer a Deus «poderoso e terrível». Fica desfeito qualquer equívoco: Deus ama (a todos, sempre e sem reservas).
A Semana Santa é tempo oportuno para «recebermos a graça do assombro», de modo a não cairmos numa «fé surda» corrompida pelo hábito, refugiada em legalismos e clericalismos, fechada nas lamentações, paralisada pelos dissabores, a ponto de não estar aberta ao dom do Espírito Santo, «que nos dá a graça do assombro».
A atitude interior de surpresa faz-nos «voltar a viver, porque a grandeza da vida não está na riqueza nem no sucesso, mas na descoberta de que somos amados. Esta é a grandeza da vida: descobrir que somos amados».
Há uma importante distinção a fazer entre admiração e surpresa: «a admiração pode ser mundana, porque busca os próprios gostos e anseios; a surpresa, ao contrário, permanece aberta ao outro, à sua novidade».
Quem admira Jesus Cristo, reconhece que «falou bem, amou e perdoou, o seu exemplo mudou a história, e coisas do género. Admiram-No, mas a vida deles não muda. Porque não basta admirar Jesus; é preciso segui-Lo no seu caminho, deixar-se interpelar por Ele: passar da admiração à surpresa».
Aproveita estes dias para este urgente exame de consciência: Consigo ainda deixar-me surpreender pelo amor de Deus?