
Somos todos únicos
17 de Julho de 2021
Deu graças e distribuiu-os
22 de Julho de 2021Andamos atarefados. Vivemos como se tudo dependesse de nós. Corremos o risco de esquecer a personagem central da nossa confiança e do nosso descanso: «Tu estás comigo»! Em tempo de verão, porventura de férias para alguns de nós, com o descanso físico, busquemos também a confiança, reconforto da alma, o descanso do coração, na presença de Deus.
SALMO 23 (22)
O pastor, que cuida com desvelo de cada uma das suas ovelhas, torna-se também no anfitrião, que acolhe e convive à mesa com os seus hóspedes. Estamos no Salmo 23 (22), tecido com os fios da confiança e do descanso.
A figura do pastor integra, desde o início, a tradição bíblica: Abr(a)ão «era muito rico em rebanhos» (Génesis 13, 2); antes, a propósito da primeira geração de filhos, o narrador lembra que um deles, Abel, era pastor (Génesis 4, 2).
A tradição cultural, na qual está inserido o povo bíblico, contém a influência dos pastores e seus rebanhos, de modo que os governantes passaram também a ser apelidados de ‘pastores’, apropriação que chegou até aos nossos dias, em especial no vocabulário das instituições cristãs.
Entretanto, como encontramos em diversas citações bíblicos, a simbologia do pastor tornou-se uma referência para designar a relação de Deus com o povo, hoje, a relação connosco.
O salmo 23 (22), por exemplo, evoca o modo como cuida de nós, em todas as circunstâncias da nossa vida: do descanso às dificuldades, dos «verdes prados» aos «vales tenebrosos», reza o salmista, «o Senhor é meu pastor».
Com esta, são nove as ações atribuídas a Deus em favor do orante, designado na primeira pessoa do singular: é meu pastor; faz-me descansar; conduz-me; reconforta a minha alma; guia-me; está (sempre) comigo; dá-me confiança; prepara a mesa para mim; unge-me com óleo. Acrescem mais duas, em modo de esperança: ser acompanhado pela bondade e pelo amor divinos; habitar para sempre na casa do Senhor.
Henri Bergson, filósofo francês premiado, em 1927, com o Nobel da Literatura, afirmou que «a centena de livros que li não me forneceu tanta luz e conforto como estes versos do Salmo 23: ‘O Senhor é meu pastor: [...] de nenhum mal terei medo/ porque Tu estás comigo’».
Andamos atarefados. Vivemos como se tudo dependesse de nós. Corremos o risco de esquecer a personagem central da nossa confiança e do nosso descanso: «Tu estás comigo»!
Em tempo de verão, porventura de férias para alguns de nós, com o descanso físico, busquemos também a confiança, reconforto da alma, o descanso do coração, na presença de Deus.