Décimo Segundo Domingo, Ano B
19 de Junho de 2021Basta que tenhas fé
24 de Junho de 2021A fraternidade é o caminho da salvação. A «cultura do confronto» pode dar lugar à «cultura do encontro», a fim de «recuperar a paixão compartilhada por uma comunidade de pertença e solidariedade, à qual saibamos destinar tempo, esforço e bens».
FRATERNIDADE
O Papa Francisco, em plena pandemia, quis entregar a «todas pessoas de boa vontade» uma profunda e oportuna reflexão sobre a fraternidade e a amizade social (FT).
Esta Carta Encíclica assinada em Assis, junto ao túmulo de São Francisco, foi pensada e escrita como «humilde contribuição» para, além das palavras, nos capacitar a «reagir com um novo sonho» que derrube as «várias formas atuais de eliminar ou ignorar os outros» (FT 6).
É possível, à maneira do «Santo do amor fraterno, da simplicidade e da alegria», assumir «um coração sem fronteiras, capaz de superar as distâncias de proveniência, nacionalidade, cor ou religião», de modo a «reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas independentemente da sua proximidade física, do ponto da terra onde cada uma nasceu ou habita» (FT 1-3).
Vivemos num tempo marcado por um estranho paradoxo: estamos mergulhados num modelo cultural que «unifica o mundo» e, ao mesmo tempo, «divide as pessoas e as nações». Já o havia escrito Bento XVI: a sociedade atual «cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos» (cf. FT 12).
Francisco aponta, no primeiro capítulo (cf. FT 9-55), múltiplas e densas ‘sombras’ que marcam as «tendências do mundo atual» e «dificultam o desenvolvimento da fraternidade universal».
A fraternidade é o caminho da salvação (cf. FT 32). A «cultura do confronto» pode dar lugar à «cultura do encontro» (FT 30), a fim de «recuperar a paixão compartilhada por uma comunidade de pertença e solidariedade, à qual saibamos destinar tempo, esforço e bens» (FT 36).
Urge aprender a «escutar o outro», em «atitude recetiva», de quem presta atenção. De novo, emerge o exemplo de Francisco de Assis: «escutou a voz de Deus, escutou a voz dos pobres, escutou a voz do enfermo, escutou a voz da natureza. E transformou tudo isso num estilo de vida. Desejo que a semente de São Francisco cresça em tantos corações» (FT 48).
O capítulo termina com a constatação da esperança, a certeza de que «Deus continua a espalhar sementes de bem» (FT 54). Sugere uma esperança «ousada», que abre «aos grandes ideais que tornam a vida mais bela e digna» (FT 55).