A ressurreição e a vida
26 de Março de 2020Quinto Domingo da Quaresma, Ano A
27 de Março de 2020QUINTO DOMINGO DA QUARESMA, ANO A
O Quinto Domingo da Quaresma (Ano A) recorda-nos a reanimação de Lázaro, antecipação do anúncio pascal, no qual a palavra chave é a afirmação feita por Jesus Cristo: «Eu sou a ressurreição e a vida». É a raiz da nossa fé e da nossa esperança.
'A ressurreição e a vida'
A ‘série’ quaresmal, apoiada na possibilidade de um novo hábito, revela que Jesus Cristo é ‘o dom de Deus’, essa ‘água viva’ que sacia a carência instalada no coração humano, ‘a luz’ que ilumina as nossas cegueiras e nos possibilita uma nova visão sobre nós e o mundo.
Os três ‘episódios’ provocam a mesma conversão: acreditar na pessoa de Jesus Cristo. Hoje, por exemplo, não se trata de acreditar na ressurreição, Marta já o professava: «Eu sei que há de ressuscitar»; trata-se de acreditar na pessoa de Jesus Cristo, confessar a fé naquele que é a ressurreição e a vida.
A boa notícia é o próprio Jesus Cristo, ‘dom de Deus’ através do qual há ‘a ressurreição e a vida’. O evangelista ajuda-nos a perceber que a fé não se apoia nas capacidades divinas de fazer isto ou aquilo, a fé apoia-se numa Pessoa, Jesus Cristo.
O cristão, recordou João Paulo II, não se move por uma «esperança ingénua» numa «fórmula mágica»: «não será uma fórmula a salvar-nos, mas uma Pessoa» (NMI 29). Bento XVI acrescentou que não somos cristãos por «uma decisão ética ou uma grande ideia», mas pelo encontro com «uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte» (DCE 1). E o Papa Francisco lança o convite: «Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de O procurar dia a dia sem cessar» (EG 3).
‘Acreditas?’
O que é que te move, o que é que dá firmeza à tua fé? Em outra ocasião, o Papa Francisco alertou para o grave perigo de haver «cristãos sem Cristo, sem Jesus». Apresentou exemplos: aqueles que baseiam a sua fé, a sua religiosidade em muitos mandamentos; aqueles que só procuram devoções; aqueles que procuram coisas um pouco estranhas, um pouco especiais, que vão atrás das revelações particulares.
A conversão quaresmal remete para a renúncia ao pecado e para a renovação das promessas batismais, na Vigília Pascal: mergulhamos na morte para o pecado e entramos na vida para Deus.
Este processo de passagem da morte à vida está sempre unido ao reavivar da fé. «É profundo o vínculo entre a Sagrada Escritura e a fé dos crentes. Sabendo que a fé vem da escuta, e a escuta centra-se na Palavra de Cristo, daí se vê a urgência e a importância que os crentes devem dar escuta da Palavra do Senhor» (Papa Francisco).
Mais do que lista de ‘penitências’, importa alimentar-se da ‘palavra que sai da boca de Deus’. É ela que nos dá a garantia de que o nosso ser não tem como meta a morte eterna, mas a vida eterna.
Esta ‘quarentena’ quaresmal nos motive a uma reflexão sobre o que está no centro da nossa vida, reavive em nós o desejo de sermos «cristãos com Cristo», cristãos que adquirem o hábito diário da leitura da Bíblia.