Recebei o Espírito Santo
28 de Maio de 2020Presença (in)visível do Espírito
30 de Maio de 2020DOMINGO DE PENTECOSTES, ANO A
Chegamos ao entardecer do primeiro dia, o primeiro e último dia de Páscoa. Cinquenta dias: eis a plenitude! O Ressuscitado cumpre a promessa: «Recebei o Espírito Santo». Ninguém lhe pode ficar indiferente!
‘A paz esteja convosco’
A saudação repete-se uma e outra vez: «A paz esteja convosco». É mais do que saudação. É um fruto do Espírito Santo.
A paz é a serenidade interior, é o contrário do medo. A paz é a marca que identifica os discípulos habitados pelo Espírito Santo. Se o medo era expresso em portas fechadas, a paz supõe a abertura ao mundo. Hoje, também nos há de tornar fortes perante tudo o que nos assusta e causa angústia.
O medo e as portas fechadas deram lugar à coragem e portas abertas para anunciar a Boa Nova a todas as pessoas. A efusão do Espírito Santo dá continuidade à missão do Mestre: «Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Somos enviados!
‘Recebei o Espírito Santo’
Jesus Cristo volta a soprar sobre os discípulos, como Deus tinha insuflado o alento de vida na simbologia do (primeiro) ato criador. É a nova criação: «Recebei o Espírito Santo». Os primeiros discípulos, cheios do Espírito, venceram o medo, partiram corajosos a proclamar a alegria do Evangelho.
Hoje, «significa encontrar a coragem de abraçar todas as contrariedades da hora atual, abandonando por um momento a nossa ânsia de omnipotência e possessão, para dar espaço à criatividade que só o Espírito é capaz de suscitar. Significa encontrar a coragem de abrir espaços onde todos possam sentir-se chamados e permitir novas formas de hospitalidade, de fraternidade e de solidariedade» (Papa Francisco).
A janela da criatividade
A última janela pascal é a da criatividade. Não em perspetiva cronológica, mas a plena, a que confere todo o sentido à nossa vida. Talvez, por isso, possamos dizer que este dia é uma dupla celebração: encerra o tempo pascal e inaugura o tempo espiritual.
A ressurreição de Jesus Cristo inaugura um novo dinamismo: passamos a viver o tempo do Espírito Santo, que nos acompanha até ao final dos tempos. Por outras palavras, o dom do Espírito Santo aponta para a nossa vida, a nossa atividade como discípulos missionários de Jesus Cristo.
O Espírito Santo, à luz da vida de Jesus Cristo, ajuda-nos a ser criativos diante de todos os nossos acontecimentos, tanto os positivos, como os negativos, as alegrias e as esperanças, também as tristezas e angústias. A criatividade faz de nós homens e mulheres ressuscitados!
Paolo Giordano, no ensaio «Frente ao contágio», lembra a importância de ser criativos neste ‘tempo de anomalia’. Há um aspeto em que os vírus são «mais hábeis do que nós: sabem mudar rapidamente, adaptar-se. Convém-nos aprender com eles».
Como naquele primeiro tempo, também hoje nada fica igual. Os discípulos iniciaram um novo itinerário, puseram em marcha um caminho de Páscoa, que chegou até nós. Vamos despertar a criatividade, aprender a viver este tempo com esperança. Sem medo! Continuo a sentir esta força renovadora, agora que termina a Páscoa?