Ficaram saciados
30 de Julho de 2020Férias, para ser feliz?
1 de Agosto de 2020DÉCIMO OITAVO DOMINGO, ANO A
A boa notícia deste Décimo Oitavo Domingo (Ano A) é a confirmação do amor divino que, desde sempre, alimenta o seu povo: «Abris as vossas mãos e todos saciais generosamente». O amor de Deus é generoso e abundante.
‘Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes’
Jesus Cristo demonstra que o dom é tão generoso e abundante que produz o milagre da partilha e da superabundância. Naquele tempo, não tinham «senão cinco pães e dois peixes». Não te preocupes se tens muito ou pouco, se sabes rezar bem ou mal. Coloca-te nas mãos de Deus. Confia-te ao amor. E verás acontecer o milagre.
O relato do evangelho é mais do que um gesto maravilhoso. É a prova de que nada nem ninguém nos pode separar do amor de Deus (como lembra a Carta aos Romanos). Os cinco pães e os dois peixes são a matéria visível desse maior alimento (invisível): o amor.
O pão, de facto, tem um significado amplo e profundo. É símbolo do sustento necessário para a nossa sobrevivência. Somos mais do que o pão, mas não podemos dele prescindir para viver. Por outro lado, também expressa o trabalho e o esforço humano, o suor e as lágrimas de uma jornada em busca do melhor que nos pode dar a vida.
Na eucaristia, recebemo-lo como vida divina, sinal do amor, antecipação da promessa de ressuscitados, alimento de fraternidade para as filhas e os filhos de Deus. Conscientes de toda esta amplitude e profundidade, em cada Oração do Senhor, pedimos o «pão nosso de cada dia».
O pão, dom da bondade divina, fruto da terra e do nosso trabalho, torna-se alimento da vida, no seu mais pleno sentido (material e espiritual, biológica e divina). Para o cristão, o «pão nosso de cada dia» é também a palavra de Deus, sobretudo Jesus Cristo, a Palavra (com letra maiúscula).
‘Ficaram saciados’
Nesta ‘série’, quisemos proporcionar uma autêntica renovação espiritual. ‘Aprender a orar’ é desejar e buscar cada dia (todos os dias!) o alimento espiritual, a nossa relação de amizade com Deus.
Não se trata, como vimos, de fazer muitas coisas. O mais importante consiste em saborear a presença de Deus, alimentar-se da sua palavra, tornar-se permeável à sua ação, invocar o auxílio do Espírito Santo. Se o fizeres, mais do que mudar muitas coisas, algo começa a mudar dentro de ti. Começas a perceber o que é ficar saciado. E isso é o sinal de uma vida feliz.
Contemplar
Quanto mais progredimos na vida de oração, tanto menos se coloca a questão sobre ‘o que fazer’ ou ‘o que dizer’, na hora em que nos dispomos a rezar. Vai aumentando de tal modo em nós o amor, que ficamos saciados apenas a saborear a presença.
Tomemos como referência o que acontece entre duas pessoas que nutrem uma pela outra um intenso amor: nada as pode separar; as palavras são desnecessárias. O amor resolve todas as questões!
Feliz de quem pode dizer que a sua única ocupação é amar, como exclama a esposa, no Cântico Espiritual de São João da Cruz. Assim também na oração, extasiados pela presença de Deus, a nossa única ocupação é contemplar e saborear tão intenso amor.