Olhar com misericórdia
17 de Junho de 2023Imersos na vida de Deus
29 de Junho de 2023DÉCIMO SEGUNDO DOMINGO, ANO A
Ao enviar os discípulos em missão, Jesus Cristo reflete sobre as vicissitudes com as quais se vão deparar e a melhor atitude a adotar diante delas. Imersos na vida de Deus, somos estimulados a ativar a confiança.
“Não tenhais medo: vós valeis mais”
O texto deste Décimo Segundo Domingo (Ano A) integra o chamado «Discurso Missionário», um discurso focado em alertar os discípulos para as adversidades inerentes à missão de anunciar a proximidade do reino dos céus. Lembremos, do último ‘episódio’, o conteúdo da missão: fazer-se próximo de todos, em especial dos mais frágeis, a fim de lhes dar a conhecer, com palavras e obras, o amor divino.
Ancorado no amor e empenhado em espalhar a misericórdia, o discípulo missionário precisa de estar preparado para a incompreensão e a recusa. Uma coisa é clara: Jesus Cristo não quer assustar os discípulos. Insiste uma e outra vez: «Não tenhais medo». Numa das vezes, ao comparar com a atenção que Deus dispensa à criação, a partir do exemplo dos pardais, conclui: «Não tenhais medo: vós valeis mais».
O medo é um perigo real para o discípulo: medo de não ser acolhido e de não contar com a aprovação, pelo menos, dos familiares e amigos; medo de não ter proteção, quando surgirem provocações e ameaças; medo de ficar sozinho, quando precisar de ser escutado e confortado; medo da falta de solidariedade, quando estiver exposto a críticas e calúnias. O medo é o nosso pior inimigo. Por isso, preferimos ficar em silêncio, abstemo-nos do compromisso. Queremos ser discípulos, mas sem ser missionários.
Confiança
A confiança é o antídoto contra o medo. A atitude fundamental para seguir em frente, na missão, é a confiança de que Deus caminha connosco. Não nos transforma em leões, ou em todo-poderosos, mas faz-nos reconhecer a presença de Deus, reforça a convicção da precedência do amor. Temos um valor incalculável aos olhos de Deus!
No primeiro episódio desta ‘série’, destacamos a primazia do amor. Seguiram-se dois episódios sobre a misericórdia. Voltamo-nos para a confiança. É mais um passo para estarmos imersos na vida de Deus.
O medo não vem de Deus, nem é mais valioso do que o amor. Não ignoremos, porém, a sua força, porque nos pode bloquear, mais do que uma ou outra vez, até de modo permanente, na tarefa missionária inerente à nossa identidade cristã.
A confiança em Deus faz-nos crescer e amadurecer, mesmo em momentos de cansaço e desânimo, também diante das diversas provações. Atenção: não é uma decisão que se toma de uma vez para sempre, a confiança em Deus é um processo que precisa de ser ativado dia a dia, hora a hora, às vezes até de minuto a minuto. Quanto mais eu confio no Pai que está nos céus, mais o medo é derrotado no meu coração. De repente, podemos ser atingidos por um novo golpe inesperado. Estamos na escuridão, mas descobrimos a luz inapagável que nos ilumina. Conhecemos as nossas fraquezas, mas percebemos o amor que sustenta a nossa vida. Sempre que ativamos a confiança, tornamo-nos mais fortes. Imersos na vida de Deus.