Entusiasmo e ousadia
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28 de Novembro de 2019Homens e mulheres ressuscitados tornam-se testemunhas da criatividade alegre e cheia de esperança, porque repleta de sentido. Eles constituem a comunidade que se opõe à «sociedade do cansaço»: a «comunidade de Pentecostes», a comunidade dos ressuscitados.
RESSUSCITADOS
A experiência dos discípulos de Emaús (descrita no evangelho segundo Lucas, capítulo 24, versículos 13 a 35) inspira-nos a tomar consciência da nossa situação pessoal e comunitária: resignados, revoltados ou ressuscitados.
Aqueles homens, no regresso a Emaús, estavam impedidos de reconhecer a novidade que já estava com eles a caminho. São os resignados, os que dizem: «Não há nada a fazer».
Os que «pararam entristecidos» em relação aos grandes sonhos são os que andam deprimidos e desiludidos com tudo e todos.
O caminho deles está isento de esperança, incarnam na perfeição o que o filósofo e teólogo Byung-Chul Han designa por «sociedade do cansaço».
Os discípulos tinham vivido uma alta expetativa: «Nós esperávamos que fosse Ele o que viria redimir Israel». Tinham desejado uma revolta, uma mudança, «mas já lá vai o terceiro dia»...
Os revoltados sentem um primordial entusiasmo, mas as contrariedades (habituais) do caminho transformam-nos em nervosos e agitados. A confusão instala-se nos corações, de tal forma que caminham sem se importarem com o destino. São os arautos do «fazer coisas» (atividades).
Paradoxalmente, mais tarde ou mais cedo acontece-lhes o mesmo que aos resignados: cansados e consumidos. «Correr não é uma forma de andar.
Trata-se simplesmente de um andar acelerado. Talvez a dança ou o baloiçar o corpo sejam, eles sim, movimentos completamente diferentes. Só ser humano é capaz de dançar» (Byung-Chul Han).
Homens e mulheres dispostos a ‘dançar’ começam por aprender a atenção profunda e contemplativa. Diziam os de Emaús: «Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?».
Os ressuscitados vivem o equilíbrio saudável entre a vida ativa e a vida contemplativa. São os sedentos do espanto, os que estão dispostos a acolher o milagre do Evangelho, os aprendizes da surpresa, os que aceitam fazer nascer a novidade.
Homens e mulheres ressuscitados tornam-se testemunhas da criatividade alegre e cheia de esperança, porque repleta de sentido. Eles constituem a comunidade que se opõe à «sociedade do cansaço»: a «comunidade de Pentecostes», a comunidade dos ressuscitados.