Décimo Sétimo Domingo, Ano B
24 de Julho de 2021Nunca mais terá fome
29 de Julho de 2021Compartir e compartilhar é ter um só coração e uma só alma, é viver a alegria de pôr em comum como os irmãos. O pão, por exemplo, partido e compartido chega sempre para todos. Compartilhar o pão é tornar-se companheiro, é viver a alegria de condividir o mesmo alimento/refeição.
PARTIR
Alguns verbos sinónimos ou semelhantes podem ser tomados com matizes que fazem toda a diferença. Pensemos, por exemplo, em partir, repartir, partilhar, compartir e compartilhar. Relacionados com o vocábulo ‘parte’, remetem para um único todo que passou a incluir a pluralidade, ficou dividido em partes.
O primeiro e mais básico, partir, exprime a divisão da totalidade em pedaços, do qual derivam todos os outros: entre partir e repartir há uma grande proximidade; as diferenças são maiores em relação às subtilezas dos demais.
A ação de partir e repartir pode ter apenas um objetivo egoísta: embora, por razões múltiplas, se opte por dividir em partes, pretende-se manter a posse da totalidade do bem.
Os outros verbos implicam tomar os pedaços para serem distribuídos por uma ou mais pessoas: partilhar, compartir e compartilhar. A distribuição pode ser feita por motivos distintos. Há casos em que a partilha reverte em proveito próprio: distribuo para ser (re)compensado.
Também se pode repartir/partilhar gratuitamente: faço-o sem pedir ou receber nada. Aqui, o objetivo pode ser indiferente ou generoso: indiferente, porque as partes me sobram, distribuo sem atender aos beneficiários; generoso, quando partilho parte do que me faz falta, em benefício de outrem necessitado.
O uso do prefixo ‘com’ acrescenta uma nova perspetiva ao ato de partir/partilhar: supõe que o bem é desfrutado com outra(s) pessoa(s). Compartir e compartilhar é um gesto de fraternidade, exprime proximidade e caridade: é mais do que proximidade, uma vez que ‘estar juntos’ pode não expressar a comunhão de amor.
Compartir e compartilhar é ter um só coração e uma só alma, é viver a alegria de pôr em comum como os irmãos.
O pão, por exemplo, partido e compartido chega sempre para todos. Compartilhar o pão é tornar-se companheiro, é viver a alegria de condividir o mesmo alimento/refeição.
Com Jesus Cristo, nós, discípulos missionários, aprendemos que é possível ir (ainda) mais longe: além de compartir o pão, compartilha connosco a própria vida. Eis o ‘milagre’ maior, gesto supremo da caridade: compartilhar a vida.