A plenitude do amor está na prática efetiva da fraternidade, o esforço quotidiano por amar os irmãos e irmãs (na família, na comunidade). Assim se alcança a perfeita caridade.
O amor fraterno é um sinal de credibilidade da fé cristã, edifica a presença eclesial no mundo: «Nisto saberão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros» (João 13, 35).
O poder impactante do amor fraterno vem do próprio Deus, pois a fraternidade humana é reflexo da plena comunhão trinitária.
A perfeição da caridade não consiste no amor aos inimigos. Este é apenas um exemplo extremo do mandamento novo do amor, na sua universalidade, sem exceções: «Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem» (Mateus 5, 44).
A caridade perfeita realiza-se no amor fraterno, no amar a todos, também os inimigos, mas começa nos mais próximos dos próximos. Na verdade, tendemos a esquecer mais depressa o mandamento do amor na relação com os que nos estão mais próximos, a começar pelos que habitam connosco a mesma casa.
Quantas vezes somos sensíveis às necessidades de povos longínquos e não nos preocupamos nem ocupamos com as carências dos vizinhos. À distância, é mais fácil o amor fraterno, os defeitos e os pecados dos outros não são tão claros, ficam ‘encobertos’ pelo afastamento físico. Dito de outro modo: os de longe parecem sempre melhores do que aqueles que convivem connosco.
Os defeitos e os pecados dos irmãos que estão ao nosso lado percebem-se melhor, em determinados momentos até os fazemos maiores do que realmente são. O que nos diferencia do outro, pela proximidade, corre o risco de ser exagerado.
O amor fraterno começa com aqueles que estão sempre ao nosso lado, em casa, na rua, no trabalho, na escola, no quotidiano. «Só cultivando esta forma de nos relacionarmos é que tornaremos possível aquela amizade social que não exclui ninguém e a fraternidade aberta a todos» (FT 94).
O mesmo se passa nas comunidades paroquiais. Comecemos pelos que estão connosco, pelos vizinhos, pelos membros do grupo, também os que são diferentes de nós. A diferença acolhida com amor fraterno deixa de ser um distanciamento para ser mútuo enriquecimento.