O ‘poder’ da fragilidade
7 de Fevereiro de 2020Amparo e alívio, solicitude e tratamento
11 de Fevereiro de 2020O que é que nos vem à mente quando somos estimulados a pensar em ‘vulnerabilidade’? A aceitação da vulnerabilidade é sustentada pela saudável autoestima, que permite assumir todas as fragilidades como constitutivas da beleza pessoal. Certo é que a vulnerabilidade não é atitude confortável, mas também não precisa de ser dolorosa.
VULNERABILIDADE
É provável que o pensamento, quando se concentra em situações associadas à fraqueza ou fragilidade, derive para algo que tem de ser evitado, a bem do equilíbrio pessoal. O que é que nos vem à mente quando somos estimulados a pensar em ‘vulnerabilidade’?
A americana Brené Brown identificou uma sintonia entre vulnerabilidade e coragem. Ao contrário da expectativa, após uma intensa pesquisa, percebeu uma forte correlação entre aquelas duas características. Outro dado curioso é o facto de estarem presentes, de modo especial, naquelas pessoas que têm melhor capacidade em estabelecer conexões autênticas e robustas.
A aceitação pessoal e a partilha de experiências marcantes em momentos de vulnerabilidade não conduzem a sentimentos de incerteza e/ou de vergonha, antes produzem um profundo impacto na vida pessoal e comunitária.
Esse é o testemunho de Paulo ao dirigir-se às ‘suas’ comunidade, como é exemplo a Primeira Carta aos Coríntios (capítulo 2, versículo 3): «Apresentei-me diante de vós cheio de fraqueza».
A Renovação Inadiável apoia-se na aceitação quotidiano da fraqueza, e não na força da autoridade.
A ‘fraqueza’ afasta o medo da postura sincera e honesta, liberta o risco do fracasso, predispõe os corações alheios, reforça as perspetivas da mudança.
A qualidade das nossas relações depende muito do modo como tratamos a vulnerabilidade: a nossa e a dos outros.
A aceitação da vulnerabilidade é sustentada pela saudável autoestima, que permite assumir todas as fragilidades como constitutivas da beleza pessoal.
Certo é que a vulnerabilidade não é atitude confortável, mas também não precisa de ser dolorosa.
O mesmo se aplica à vulnerabilidade alheia. Também aqui temos duas opções: aproveitarmo-nos da fragilidade do outro, ou cuidar dela com compaixão e misericórdia.
A propósito da saída do Reino Unido da União Europeia, o cardeal Vincent Nichols recentrou a atenção em renovar um mútuo compromisso com atos quotidianos de bondade, sendo bons vizinhos, dando as boas-vindas ao estrangeiro e cuidando dos mais vulneráveis da sociedade. Belo programa para rever a hospitalidade em exercícios práticos de acolhimento.