Jesus Cristo reconhece o desejo e acolhe o pedido de algo mais que habita em cada pessoa. Várias vezes ofereceu sinais de vida. Livrou-nos da morte para nos dar a vida. E dizia: «não temas; basta que tenhas fé».
Vento, mar, tempestade, fenómenos meteorológicos que tudo destroem… Os Apóstolos ficam indignados perante a tranquilidade do Mestre. Mas Jesus Cristo interpela-os: «Porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?».
O Segundo Domingo de Páscoa, Oitava da Páscoa e Domingo da Divina Misericórdia, é também o dia da alegria da fé: «Felizes os que acreditam sem terem visto»; felizes os que colocam plena confiança em Deus, pois «é eterna a sua misericórdia». O amor e a misericórdia, amar e misericordiar, são sinónimos.
Homens e mulheres, desde o primeiro dia até aos nossos dias, recebemos a missão de anunciar a vitória da Páscoa. A Páscoa é meta e ponto de partida: Jesus Cristo ressuscitou; inicia em nós a experiência da ressurreição; compromete-nos a testemunhar a plenitude da vida.
A Liturgia de Sexta-feira Santa coloca-nos diante da confiança e da compaixão, na figura do Servo e Cordeiro. A paixão do Filho é também a do Pai: uma paixão vitoriosa. Para Jesus Cristo, para nós, para todos, «tudo está consumado». Evocamos o ‘sinal’ supremo do amor que resume todos os outros modos de amar.
Fazer memória dos atos salvadores da Aliança é torná-los presente e orientá-los para Jesus Cristo, que lhes dá pleno cumprimento. Como o Mestre e Senhor, que o nosso rosto irradie amor e serviço; que o nosso coração aprofunde o duplo mandamento do ‘fazer’ que institui o sacramento da caridade.
A aclamação dirigida a Jesus Cristo ecoa em todo o mistério pascal: para nos «dar a salvação» (é o sentido da expressão «Hossana»), Ele vai sofrer a Paixão e dar a vida, até à Cruz. Neste domingo já celebramos o dom total do seu amor. Jesus Cristo é o servo perfeito que se abandona confiante nas mãos do Pai.
Depois de Noé, Abraão, de Moisés no Sinai (onde se revela o amor mais forte do que as infidelidades do povo), neste Quinto Domingo, tudo culmina com «uma aliança nova»: «Hei de imprimir a minha lei no íntimo da sua alma e gravá-la-ei no seu coração». Aliança que se realiza de forma plena em Jesus Cristo.
Misericórdia é outro nome para dizer a Aliança. Apesar das múltiplas infidelidades, «desprezavam as suas palavras», Deus, «rico em misericórdia», dá a conhecer a «abundante riqueza da sua graça e da sua bondade para connosco». Deus não julga, não condena; é o ser humano quem se condena, quando volta as costas à luz.