Criativos na reflexão e ação
27 de Outubro de 2020Até que a morte nos una
30 de Outubro de 2020TODOS OS SANTOS, ANO A
A solenidade de Todos os Santos, ano após ano, celebra a felicidade. É a meta de todos os que se deixaram amar por Deus e escolheram o caminho proposto pelo Mestre: «Bem-aventurados» os pobres em espírito, os humildes, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os justos, os que são insultados e perseguidos por causa da sua fé.
A «multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas», simboliza todos aqueles e aquelas que acreditaram no poder da felicidade e viveram até à eternidade. Esta é, afinal, a meta de todos nós, «a geração dos que procuram o Senhor», criados para sermos felizes em íntima relação filial com Deus: «Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamar filhos de Deus. E somo-lo de facto».
As ‘bem-aventuranças’ não são um remédio paliativo para nos confortar perante as agruras e sofrimentos. É isso que a sociedade nos está a propor ao ignorar ou esconder a morte, talvez o maior tabu dos tempos modernos.
Queiramos ou não, é a morte que salva a vida. Salva-a, porque a impede de se tornar um ídolo que satisfaz os nossos prazeres, um troféu pelo qual lutamos a tudo o custo. A morte devolve-nos a nossa verdadeira condição, confronta-nos com o que de mais belo (ou terrível) existe em nós. Na verdade, não é a morte que nos separa, antes nos une no encontro com o essencial.
Uns procuram a ‘amortalidade’, a morte da morte. Nós, cristãos, buscamos a imortalidade dos filhos de Deus.