Tende confiança
6 de Agosto de 2020Cuidado da Casa Comum
8 de Agosto de 2020DÉCIMO NONO DOMINGO, ANO A
Como conciliar a confiança com as situações de provação próprias desta experiência terrena? O Décimo Nono Domingo (Ano A) indica-nos que é preciso estar atento para reconhecer que, no meio das tempestades, Jesus Cristo está presente e tem sempre a mão estendida.
‘Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo’
Os discípulos, apesar de terem convivido tão de perto com o Mestre e com as coisas maravilhosas por ele realizadas, continuam a manifestar dúvidas e inseguranças. Pedro é o porta-voz dos medos e incertezas: «Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo».
O diálogo de Pedro com o Mestre, no meio do temporal, é um exclusivo do evangelho segundo Mateus. É interessante acompanhar a situação existencial do apóstolo: começa pela dúvida, enche-se de coragem, termina com a súplica. Em situação semelhante, percebemos que a ajuda de Jesus Cristo, a sua presença e a mão estendida, é decisiva para a firmeza do nosso caminhar sobre as águas agitadas do quotidiano.
O ambiente descrito remete-nos para a ideia de sofrimento: de noite, numa tempestade no meio do mar, o barco é açoitado pelo vigor das ondas; os discípulos, cheios de medo, pensam ver um fantasma; o grito impotente de Pedro. São imagens de inquietação, receio, desespero, angústia, tudo o que caracteriza a situação mais comum diante do sofrimento.
No meio das dificuldades, onde procuras a segurança? Como costumas reagir perante as amarguras da vida? Nesta ´série’, vamos refletir sobre as nossas experiências de sofrimento e descobrir o amparo e a força que nos são oferecidas por Jesus Cristo.
O que é que tu farias, se estivesses no lugar dos discípulos e de Pedro? A intranquilidade e o grito de aflição também possuem um lado positivo. É verdade que a primeira reação de Pedro poderia uma imediata demonstração de fé. Mas não é assim tão normal, quanto é fácil de o dizer da boca para fora. Quando estamos realmente numa situação limite, talvez até nos faça bem sentir um abalo nas nossas convicções. Poderá ser uma forma de sairmos mais confiantes.
Quando te apetece ficar revoltado contra Deus, lembra-te de que também lhe podes pedir ajuda. Este ‘episódio’ ensina-nos que a presença salvadora de Jesus Cristo não nos livra das tormentas. O que acontece é que se torna presente, no meio das aflições, e nos dá a mão para sermos vencedores.
Atravessar o sofrimento
A violência do vento exprime toda a espécie de tempestades que podem agitar a nossa vida, tudo aquilo que pode abalar a nossa confiança.
As sensações prazerosas dos momentos felizes permitem-nos perceber a vida com um enorme potencial de plenitude. Porque é que não podemos fazer o mesmo com as dores que acompanham as situações desagradáveis?
Fugir do sofrimento não resolve a vida. Quando nos decidimos atravessá-lo com confiança, conseguimos mergulhar cada vez mais profundamente no oceano da nossa existência e perceber a mão estendida do Senhor. Precisamos de atravessar as dores com a nossa mão bem presa à mão do Senhor. Sairemos da tempestade ainda mais fortes.