Domingo da Palavra de Deus
20 de Janeiro de 2024Suave e reconfortante alegria
3 de Fevereiro de 2024QUARTO DOMINGO, ANO B
Deus falou e continua a falar através de profetas, homens e mulheres que nos ajudam a reconhecer e a acolher a vontade divina. Coloquemo-nos alerta, atentos à escuta da palavra de Deus, abramos o nosso coração.
“Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações”
O trecho do livro do Deuteronómio, na primeira leitura, traça a figura do profeta, apresenta-o como um escolhido por Deus para dar a conhecer ao povo as palavras divinas: «Porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar». Não é um anjo enviado dos céus, não é uma espécie de Deus, é um dos membros do povo, escolhido «do meio dos seus irmãos», com a missão de difundir a mensagem que recebe do próprio Deus.
Profetizar não é antecipar. O profeta não é aquele que vaticina o futuro, é o que fala com Deus e fala em nome de Deus. Aceita entrar em relação com Deus e vive o compromisso de fazer ressoar a voz de Deus. «O espírito profético acaba por ver o mundo tal como Deus o vê… e por reagir a ele em consonância com isso. […] Os olhos do profeta queimam a impureza das aparências e ateiam a vontade de Deus no meio de nós» (Joan Chittister). O importante não é conhecer antecipadamente o amanhã, mas iluminar a sucessão dos acontecimentos com a palavra de Deus. Através da palavra, o profeta confirma o propósito da sua eleição: revelar o desejo divino de entrar em relação e comunhão com o ser humano, aguardando uma resposta.
Escutar o profeta é, por isso, tão normativo e exigente como escutar o próprio Deus. Diante do profeta, surge o apelo recordado pelo salmista: «Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações».
Atenção à Palavra
A Bíblia, lembramos nesta ‘série’ apoiados no testemunho do Papa Francisco, é «a carta de amor escrita para nós por Aquele que nos conhece como ninguém: lendo-a, voltamos a ouvir a sua voz». Na riqueza do seu amor, afirma a Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina (Dei Verbum), Deus fala connosco como amigos, convive connosco, para nos convidar e admitir à comunhão com ele.
Estamos no terceiro ‘episódio’. Abramos o coração para escutar a voz do Senhor. Deixemo-nos maravilhar, no encontro amoroso com Deus, na leitura da carta de amor de Deus que está escrita na Bíblia. Este é o tempo propício para iniciarmos uma jornada diária de leitura dos textos bíblicos, pode ser pouco (um versículo), mas seja diário.
A leitura/escuta da palavra de Deus serve para traçar em nós o critério de avaliação da nossa vida, neste tempo que nos é dado viver, na relação com Deus e com os irmãos. Como assinalamos no passado domingo, permito que Deus entre em diálogo comigo, para iluminar os recantos mais escuros das minhas dúvidas e temores, para confirmar as escolhas acertadas do meu dia a dia. As palavras que curam e que apagam as marcas do mal, como nos mostra Jesus no evangelho, nunca as encontraremos se não formos capazes de as escutar e de lhes dar atenção, aquele modo de atenção que Simone Weil dizia ser já uma verdadeira oração.