Bem-aventurados
29 de Outubro de 2020Caminho para a vida
31 de Outubro de 2020TODOS OS SANTOS, ANO A
A solenidade de Todos os Santos, ano após ano, celebra a felicidade. É a meta de todos os que se deixaram amar por Deus e escolheram o caminho proposto pelo Mestre: «Bem-aventurados».
‘Bem-aventurados’
Celebramos a comunhão dos santos. Todos, desde os mais conhecidos até aos de «ao pé da porta», cujos nomes também estão inscritos no coração de Deus. Esta é também, para nós, crentes, uma expressão da fraternidade universal: ninguém se salva sozinho!
O caminho das ‘bem-aventuranças’ ou da santidade começa quando abrimos o coração e aceitamos o belo presente de amor dado por Deus. Ele precede-nos no amor, como já vimos nos domingos anteriores (na ‘série’ sobre a caridade).
A dinâmica deste caminho faz-se na companhia de Jesus Cristo, assumindo o seu estilo de vida. Sem medo. Sem medo de avançar. Mesmo que seja contra a corrente! A força vem do próprio Jesus Cristo e do seu Espírito Santo, que nos habita e nos impele a ser santos.
Este é o segundo segredo: permitir que a Palavra de Deus entre na nossa vida com a novidade e o entusiasmo capazes de gerar vida nova em nós e nas nossas famílias, nos vizinhos da rua e do trabalho, nos grupos paroquiais e na comunidade. (Ah, qual é o primeiro segredo? Deixar-se amar por Deus, reconhecer que somos amados, desde sempre e para sempre.)
Hoje, far-nos-á bem reler e rezar este texto evangélico das bem-aventuranças. Porventura, se possível, aprofundar a reflexão com o que nos diz o Papa Francisco na Exortação Apostólica sobre o chamamento à santidade no mundo atual (Alegrai-vos e Exultai), números 63 a 94.
O mês de novembro, por vários motivos, tornou-se propício para recordar a nossa condição frágil e finita, associada à morte dos nossos familiares e amigos. Ainda bem que a Igreja, neste primeiro dia, nos convida a celebrar a santidade, a fonte e meta da nossa existência.
A morte pode ser pensada apenas com os nossos critérios humanos e limitados. A morte também pode ser lida a partir da perspetiva cristã, alicerçada nas bem-aventuranças, na esperança da eternidade. Por isso, nesta nova ‘série’, queremos proclamar que a morte nos separa, e também nos une: separa-nos, porque provoca o pleno distanciamento físico; une-nos, porque provoca a plena comunhão espiritual. Eis o terceiro segredo: a morte é a salvação da vida.
Até que a morte nos una
As ‘bem-aventuranças’ não são um remédio paliativo para nos confortar perante as agruras e sofrimentos. É isso que a sociedade nos está a propor ao ignorar ou esconder a morte, talvez o maior tabu dos tempos modernos.
Queiramos ou não, é a morte que salva a vida. Salva-a, porque a impede de se tornar um ídolo que satisfaz os nossos prazeres, um troféu pelo qual lutamos a tudo o custo. A morte devolve-nos a nossa verdadeira condição, confronta-nos com o que de mais belo (ou terrível) existe em nós. Na verdade, não é a morte que nos separa, antes nos une no encontro com o essencial.
Uns procuram a ‘amortalidade’, a morte da morte. Nós, cristãos, buscamos a imortalidade dos filhos de Deus.