Testemunhas
12 de Junho de 2020Décimo Primeiro Domingo, Ano A
13 de Junho de 2020A vida espiritual apoia-se na força que brota da eucaristia. Somos convidados a reconhecer, diante do pão consagrado, uma «nudez desarmante». É tal ‘desproporção’ que faz despontar uma atração, uma forma de adoração silenciosa que «gera o espaço propício e o ritmo necessário para a palavra criadora, para o gesto fecundo».
ADORAÇÃO
Jesus Cristo continua sempre presente no pão eucarístico. Por isso, a Igreja Católica mantém, dentro e fora da celebração eucarística, a válida e salutar prática da adoração.
A vida espiritual apoia-se na força que brota da eucaristia. Interpela São João Paulo II: «Se atualmente o cristianismo se deve caracterizar sobretudo pela ‘arte da oração’, como não sentir de novo a necessidade de permanecer longamente, em diálogo espiritual, adoração silenciosa, atitude de amor, diante de Cristo presente no Santíssimo Sacramento?» (A Igreja vive da Eucaristia, 25).
É ‘Santíssimo Sacramento’, diz o Catecismo (número 1330), «porque é o sacramento dos sacramentos. E, com este nome, se designam as espécies eucarísticas guardadas no sacrário».
Somos convidados a reconhecer, diante do pão consagrado, uma «nudez desarmante». José Frazão Correia (A fé vive de afeto, Paulinas Editora) acrescenta: «A pequena custódia que nos expõe o infinito num pedacinho de pão, não pode não desconcertar-nos. Apercebemo-nos da desproporção?».
É tal ‘desproporção’ que faz despontar uma atração, uma forma de adoração silenciosa que «gera o espaço propício e o ritmo necessário para a palavra criadora, para o gesto fecundo».
Da contemplação de «tão desarmante dádiva, germinará a atenção generosa que é própria dos vigilantes; a resposta responsável que é própria dos justos; a fecundidade criadora que é própria dos artistas; a simplicidade de uma vida elementar que é própria dos ascetas; a graça de se definir a partir de um outro que é próprio dos místicos».
Ajoelhar-se perante a ‘desproporção’, não é para nos «rebaixarmos, mas, antes, para nos elevarmos à estatura daquele que se fez O-mais-baixo e, assim, chegarmos mais à altura de nós mesmos e do mistério que a vida é. Será um gesto de amor, profundamente reconhecido, porque o que existe de mais verdadeiro em mim é o que existe entre nós. Será um gesto largo, porque o que existe entre nós é cada encontro humano e cada momento concreto da história».
É nos lugares onde parece que «Deus não tem lugar» que «o Santíssimo que se nos dá, expõe-se à nossa disposição de o amarmos com todo o coração. Como nosso Senhor».