Tomé
9 de Abril de 2021Segundo Domingo de Páscoa, Ano B
10 de Abril de 2021A corporeidade ressuscitada de Jesus Cristo, essa realidade a que chamamos de corpo glorioso, não pertence ao tempo e ao espaço, não é física nem química, é escatológica; a plenitude pascal é o culminar do mundo novo em dinâmica de ressurreição, esse mundo no qual a morte já não tem lugar, pois perdeu todo o seu poder.
PÁSCOA
A ressurreição de Jesus Cristo é a realidade mais importante da nossa fé cristã, a chave para interpretar a nossa existência e toda a vida de Jesus Cristo, da Igreja e do mundo. O acontecimento salvífico (cf. Romanos 10, 9), por excelência, é a Páscoa.
A morte de Jesus Cristo é salvífica na medida em que desemboca na Páscoa. Por si mesma, a morte não pode ser considerada salvífica. Razão tem a Primeira Carta aos Coríntios (capítulo 15, versículo 14): «Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã é também a nossa fé».
A ressurreição, porém, não é um milagre para justificar ou confirmar a fé; é um acontecimento que, em toda a sua profundidade, precisa de ser acolhido como objeto de fé. Aliás, o conceito, que só pode ser tomado como metáfora, lembra o teólogo Tomáš Halík, leva-nos a «admitir que não sabemos o que significa a ressurreição [...], não sabemos o que significa a vitória sobre a morte de que falam os Evangelhos».
A ressurreição de Jesus Cristo não é como a de Lázaro ou a do filho da viúva de Naim. Estes dois personagens apenas tiveram um tempo de vida terrena um pouco mais longo; mais tarde ou mais cedo, voltaram a morrer. Ora, a ressurreição de Jesus Cristo «não volta para trás, mas aponta para a frente».
A corporeidade ressuscitada de Jesus Cristo, essa realidade a que chamamos de corpo glorioso, não pertence ao tempo e ao espaço, não é física nem química, é escatológica; a plenitude pascal é o culminar do mundo novo em dinâmica de ressurreição, esse mundo no qual a morte já não tem lugar, pois perdeu todo o seu poder.
A vida ressuscitada de Jesus Cristo jamais volta a ser mortal, mas para sempre imortal. Para os cristãos, é o acontecimento central que sustenta a nossa esperança e salvação.
A nós, compete-nos, por agora, mostrar a seriedade da ressurreição, testemunhar a todos os motivos da nossa esperança (cf. 1Pedro 3, 15).
E, se não forem suficientes as nossas explicações (que também as podemos dar), ao menos que a nossa vida seja coerente, ou seja, vida renovada, na qual resplandeça a paz e a alegria, vida que incarna o testamento do Mestre, que não é outro senão o serviço e a fraternidade.