A luz do mundo
19 de Março de 2020Quarto Domingo da Quaresma, Ano A
20 de Março de 2020QUARTO DOMINGO DA QUARESMA, ANO A
O Quarto Domingo da Quaresma (Ano A) está centrado na temática da luz. Através de uma catequese, Jesus Cristo mostra-nos como se pode despertar a fé, erradicar as nossas ‘cegueiras’ para descobrir a luminosidade e a beleza da relação com Deus.
‘A luz do mundo’
Estamos no coração da Quaresma. O domingo passado, acompanhamos o episódio do encontro com a samaritana. Hoje, estamos no episódio do encontro e da cura do cego de nascença. São leituras tão ricas, cheias de detalhes e observações fundamentais para iluminar a nossa vida.
Somos propensos a valorizar a ação curativa de Jesus Cristo: deu a vista ao cego. Mas o evangelista põe a tónica na transformação espiritual daquele homem: «’Tu acreditas no Filho do homem?’. […] O homem prostrou-se diante de Jesus e exclamou: ‘Eu creio, Senhor’». Mais do que ver com os olhos, passou a ver (acreditar) com o coração.
Jesus Cristo, não só ilumina os olhos, mas também, e principalmente, o coração. Além da cura física, realiza outra mais importante: a cura espiritual. Qual é a parte da tua vida que mais precisa de ser curada e iluminada?
Repara que a narração do evangelho sugere uma forte sintonia entre o ver e o acreditar, uma ligação entre os olhos e o coração. Assim se processa a conversão ao Evangelho.
Somos convidados a abrir os olhos do coração a Jesus Cristo, «a luz do mundo». Para isso, «precisamos de entrar em confidência assídua com a Sagrada Escritura; caso contrário, o coração fica frio e os olhos permanecem fechados, atingidos, como somos, por inumeráveis formas de cegueira» (Papa Francisco).
A luz da fé
Estar ‘cego’, viver na obscuridade é não reconhecer os sinais da presença de Deus, a linguagem do amor, é reduzir tudo à mera utilidade, é procurar apenas as coisas agradáveis, é não ter um olhar mais profundo sobre a vida, é omitir-se a construir um mundo melhor, é difundir o medo, é não ser semeador de esperança.
O batismo é luz, a luz da fé: «Recebei a luz de Cristo. A vós, pais e padrinhos, se confia o encargo de velar por esta luz, para que os vossos pequeninos, iluminados por Cristo, vivam sempre como filhos da luz, perseverem na fé e, quando o Senhor vier, possam ir ao seu encontro com todos os Santos, no reino dos céus».
A maioria de nós já somos batizados, recebemos a luz da fé e fomos educados como ‘filhos da luz’. Este compromisso dos nossos pais e padrinhos é hoje nossa responsabilidade: cuidar e fazer crescer essa luz batismal, a luz da fé.
Temos os olhos abertos e vivemos de modo novo ou padecemos de vista cansada, de vistas curtas, de miopia ou de astigmatismo vital?
A fé torna-nos mais transparentes, sem medo das nossas inseguranças e fraquezas. A fé devolve-nos o bom humor, faz-nos sorrir. Abramos os olhos para além do meramente útil, prático e eficaz.
O hábito da leitura diária da Bíblia pode ser um contributo eficaz para dissipar as nossas cegueiras pessoais e comunitárias. Este é o tempo de ver, o tempo de ter um olhar contemplativo sobre o mundo e sobre os outros à luz do amor divino.