Primeiro Domingo da Páscoa, Ano A
11 de Abril de 2020A paz esteja convosco
16 de Abril de 2020A ressurreição reinterpreta toda a existência terrena de Jesus de Nazaré, «que passou fazendo o bem e curando a todos» (Atos 10, 38), e faz compreender a ‘última’ verdade mais profunda da história da salvação: a última palavra não é nossa e, muito menos, dos poderosos deste mundo; a última palavra é de Deus. Essa Palavra é Jesus de Nazaré, morto e ressuscitado, vivo para sempre.
PALAVRA
A primeira semana (Oitava) da Páscoa repete como um refrão: «vós mataste-o [Jesus], mas Deus ressuscitou-o». Não foi Deus quem entregou Jesus à morte, mas uns quantos que não puderam suportar a sua maneira de viver e a sua palavra.
Um profeta tão incisivo e coerente como Jesus de Nazaré não permite a neutralidade. Só existem duas posturas: conversão ou rejeição.
Deus foi quem tirou Jesus da morte. Aqui está, para os que acreditam, a grande prova de que tinha razão e de que era honesto e bom o seu caminho. Deus dá razão a Jesus e retira-a aos assassinos. Por este motivo, proclamar a vitória de Cristo sobre a morte é um discurso perigoso.
É sugestivo o argumento usado pelos sumo sacerdotes e fariseus, quando vão a Pilatos pedir guardas para custodiar o sepulcro, com medo de que os discípulos roubem o corpo e comecem a dizer que ressuscitou: «seria a última impostura pior do que a primeira» (Mateus 27, 64). Tinham mais medo da ressurreição do que tiveram da vida dele. Porque, com a ressurreição, a vida é reafirmada até limites insuspeitos.
O que, para uns, é a última impostura, para os crentes, é a última verdade. Proclamar esta verdade implica que as autoridades não tenham razão; e que aquilo que defendiam — uma religião baseada mais no culto do que no amor a Deus e ao próximo — não tem qualquer futuro.
Apesar de tantas aparências contrárias, o futuro encontra-se na verdade, na vida, na beleza, na esperança, na paz, no amor. Por isso, a fé na ressurreição é uma afirmação perigosa.
Tudo começa de novo. A ressurreição inaugura a renovação, a ‘Igreja do futuro’ fundada na pregação e, principalmente, no testemunho.
A ressurreição reinterpreta toda a existência terrena de Jesus de Nazaré, «que passou fazendo o bem e curando a todos» (Atos 10, 38), e faz compreender a ‘última’ verdade mais profunda da história da salvação: a última palavra não é nossa e, muito menos, dos poderosos deste mundo; a última palavra é de Deus. Essa Palavra é Jesus de Nazaré, morto e ressuscitado, vivo para sempre.
A ressurreição remete-nos para o seguimento de Jesus Cristo: vivendo como ele, agindo como ele, também nós participaremos do futuro que Deus tem preparado para todos os que o amam.