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28 de Julho de 2023Voltar juntos a Jesus, o Cristo
11 de Agosto de 2023TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR, ANO A
Este é um domingo especial. A cada seis de agosto celebramos a festa da Transfiguração do Senhor. O Pai, que a todos nos ama, convida a escutar o Filho amado, para participarmos da vitória pascal e espelharmos a luz divina.
“Brilhante como o sol”
Este ano é a segunda vez que escutamos este fragmento do evangelho segundo Mateus. Foi proclamado no Segundo Domingo da Quaresma, como antecipação da Páscoa: a paixão e a cruz dão lugar à vitória da ressurreição. As primeiras referências deste acontecimento não deixam dúvidas: «o seu rosto ficou brilhante como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz».
A Transfiguração é um acontecimento profético, uma vez que nos oferece uma visão antecipada da vida ressuscitada e gloriosa. É-nos dada a garantia de que a cruz e a morte não são o final, mas a porta que abre para a ressurreição e para a vida.
A identidade e o destino último de Jesus Cristo mostram a nossa vocação e a nossa meta: a meta do Filho de Deus é também a nossa meta; criados como filhos amados de Deus, estamos destinados a participar, em pleno, da própria vida divina.
Cada um de nós, batizado na morte e na ressurreição de Jesus Cristo, tal como aconteceu com aqueles três apóstolos, é chamado a contemplar o rosto do Filho de Deus e a escutar as suas palavras, a fim de nos tornarmos semelhantes a ele, configurarmo-nos a Cristo, ou seja, permitir que o ser e o viver de Jesus Cristo seja o nosso estilo de vida.
A nossa transfiguração
A nossa transfiguração é outro modo de dizer a transformação que pode acontecer connosco, o desabrochar da semente lançada sobre nós, o tempo maduro da ceifa em que já é possível separar o trigo do joio, o momento certo para deitar fora o que não presta e assim purificar o nosso tesouro interior. Trata-se, como vimos nesta ‘série’, de aceitar a nossa integridade imperfeita, focados naquilo que de bom e de positivo Deus semeia no nosso coração, abertos ao milagre da nossa transfiguração.
Podemos, então, confirmar que conviver com as sombras que nos habitam não significa ficarmos conformados com o mal e o pecado, antes sabermos, com eficácia, quais são as nossas sombras interiores que precisam de ser iluminadas pelo amor divino.
O caminho existencial do ser humano não é ritmado pelo perfeccionismo. Aceitar a possibilidade da transfiguração é querermos chegar ao amadurecimento, é percorrer um itinerário paciente, quase sempre muito lento, em vista da plena realização como humanos.
Aqui e agora, a nossa transfiguração consiste em deixar que a luz divina, que já nos habita, possa sobressair ainda mais em nós. «O que é a luz de Deus? É energia e beleza. Energia para o corpo, porque sustenta a nossa vida biológica; energia para a mente, porque faz ver e entender; energia para o coração, que nos torna capazes de amar bem. Energia e beleza, porque também nós nos tornamos luminosos no olhar, nas palavras, nos pensamentos, no coração» (Ermes Ronchi). Esta é a luz e a beleza da vida! Hoje, começa o tempo da nossa transfiguração.