Trigésimo Segundo Domingo, Ano A
7 de Novembro de 2020Filhos da luz
12 de Novembro de 2020O mais grave, para o cristão, não é a morte física, mas a espiritual, esta sim é sempre consequência do pecado, porque se toma a decisão de ‘sair de casa’, longe da comunhão com Deus. Na medida em que nos aproximamos de Deus e nos tornamos semelhantes a Jesus Cristo, desvanecem-se o medo e a angústia, crescem a confiança e a esperança.
PECADO
A morte biológica existe por causa do pecado? Se o ser humano não tivesse pecado, diz quem responde de modo afirmativo a esta questão, não existiria a morte. Talvez seja necessário esclarecer melhor do que se trata, quando se fala de morte como consequência do pecado.
Na Bíblia, a morte e a vida são realidades espirituais, mais do que realidades biológicas: a morte está relacionada com a ausência de Deus e a vida com a presença de Deus.
Na parábola do pai misericordioso, por exemplo, o encontro aquando do regresso do filho pródigo motiva a proclamação: «trazei o vitelo gordo, matai-o e festejemos comendo, porque o meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi encontrado» (cf. Lucas 15, 23-24).
O filho morto significa o afastamento em relação ao pai, o pecado de preferir viver longe, noutros ambientes e com outros critérios. Pode-se, portanto, ter vida (biológica) e estar totalmente morto, a nível espiritual. A morte, neste caso, acontece quando alguém se afasta da comunhão com o Espírito Santo, a fonte da vida.
O mais grave, para o cristão, não é a morte física, mas a espiritual, esta sim é sempre consequência do pecado, porque se toma a decisão de ‘sair de casa’, longe da comunhão com Deus.
O pecador, quem vive afastado de Deus, ignora o sentido positivo que há na morte: «se morremos com Cristo, acreditamos que também em Ele viveremos» (Romanos 6, 8). Sem esta perspetiva, a morte é uma tragédia, uma angústia.
Ao contrário, na medida em que nos aproximamos de Deus e nos tornamos semelhantes a Jesus Cristo, desvanecem-se o medo e a angústia, crescem a confiança e a esperança.
À luz da fé, Jesus Cristo livra-nos do pecado e da morte. À luz da fé, a morte biológica é acolhida como normal realização da existência terrena. É, aliás, parte da etapa que sacia a nossa sede de Deus, a plena cristificação e divinização.
Sem pecado, estaríamos em condições de assumir a morte, sem qualquer ambiguidade. De modo que, dia a dia, na medida em que vivemos unidos a Deus, estamos melhor preparados para viver a morte, sem medo, melhor preparados para viver a promessa de que a ressurreição de Jesus Cristo é as primícias da nossa ressurreição.