Décimo Oitavo Domingo, Ano A
1 de Agosto de 2020Tende confiança
6 de Agosto de 2020A missa é um aspeto essencial da refeição eucarística: não é para ficar sentado, mas para sair ao encontro dos outros e lhes anunciar a mesma boa nova vivida ao redor da mesa. Vivemos dentro da eucaristia o que queremos levar pelo mundo fora. O amor entre nós, cristãos, é para ser testemunhado a todos, em todos os lugares e circunstâncias. A mesa da eucaristia exprime a fraternidade universal.
FRATERNIDADE
Os primeiros cristãos celebravam a eucaristia, no decurso de uma refeição, à volta da mesa. Ao fazê-lo, como fez o Mestre, mostravam que o contexto adequado é o amor fraterno e a partilha dos bens, algo que é próprio dos irmãos, dos que vivem, na prática, a fraternidade.
O pão e o vinho eram consagrados durante essa refeição, enquanto os irmãos condividiam os alimentos que cada um trazia e colocava sobre a mesa.
Logo nos primórdios, se alertou para o profundo significado da celebração, algo mais do que uma mera comida: «Quando vos reunis, não é a ceia do Senhor que comeis, pois cada um se apressa a tomar a sua própria ceia; e enquanto um passa fome, outro fica embriagado» (1Coríntios 11:20-21).
Os abusos, a evolução histórica e o crescimento da Igreja fizeram com que, no decorrer do tempo, a celebração ficasse privada da refeição partilhada à volta da mesa, para se restringir à comunhão dos dons consagrados, e assim se mantém até aos nossos dias. Na prática, a mesa converteu-se em altar e a ceia passou a missa.
Desde o século IV, com o ritual em latim, a ‘missa’ passou a integrar a despedida da celebração: «Ite, missa est». Em Roma, era assim que se faziam as despedidas das reuniões: «Ide, é a despedida». Nas traduções atuais, como é o nosso caso, preferiu-se assumir o conceito judaico da paz: «Ide em paz (e o Senhor vos acompanhe»).
O vocábulo ‘missa’ também significa ‘enviado’; deriva do termo ‘missio’ (missão, missionário). Neste âmbito, podemos dizer que a missa é um envio missionário. No final da celebração, somos enviados a anunciar o que acabamos de viver.
A missa é, portanto, um aspeto essencial da refeição eucarística: não é para ficar sentado, mas para sair ao encontro dos outros e lhes anunciar a mesma boa nova vivida ao redor da mesa.
A comunhão com o Ressuscitado impele-nos ao amor universal. O amor cristão começa por ser fraterno para se tornar universal; parte dos irmãos para chegar a todos, sem exceção, até aos inimigos (cf. Mateus 5:44).
Vivemos dentro da eucaristia o que queremos levar pelo mundo fora. O amor entre nós, cristãos, é para ser testemunhado a todos, em todos os lugares e circunstâncias. A mesa da eucaristia exprime a fraternidade universal.