Filhos da luz
12 de Novembro de 2020Trigésimo Terceiro Domingo, Ano A
13 de Novembro de 2020TRIGÉSIMO TERCEIRO DOMINGO, ANO A
O alerta deste domingo não é para nos meter medo ou afligir perante qualquer possível acontecimento inesperado e trágico. É para nos despertar à vigilância ativa e responsável dos ‘talentos’. Os que assim procedem não andam nas trevas e contam-se entre os ditosos «filhos da luz».
‘Filhos da luz’
A nossa vida está nas mãos de Deus. Não somos ‘donos’, nem fomos nós que decidimos entrar nesta dinâmica de vida. Somos uma espécie de ‘administradores’.
A vigilância ativa há de ser a dinâmica que não nos deixa ancorados em medos ou adormecidos em falsas seguranças. Antes, caminhemos na luz, despertos e sóbrios, evoca a Primeira Carta aos Tessalonicenses. Deste modo, o ‘dia do Senhor’, a morte, não será causa de perturbação, mas encontro com a plenitude do amor.
A instabilidade deste tempo e as graves consequências causadas na saúde, no emprego, nas dificuldades económicas, na precariedade familiar, mostra-nos a maior oportunidade para a resiliência, a sobriedade, a solidariedade, a esperança ativa, a responsabilidade ecológica, e todas as demais causas humanitárias.
A palavra de Deus livra-nos do medo e convida-nos a procurar (e também nos indica) caminhos de luminosidade para a vida, a nossa e a dos outros. Sim, há uma ‘luz’ que nos habita e nos acompanha, nos impele e nos mostra o caminho. A sua forma visível percebe-se no Círio Pascal, como também em cada gesto de amor que sai do coração e pelas mãos chega a cada um dos irmãos e irmãs.
O tesouro da vida de cada um de nós não pode ficar improdutivo, fechado no pequeno mundo dos interesses particulares. A vida só tem sentido quando é compartilhada. O contrário conduz ao fracasso, à falta de sentido. Vida e esterilidade são incompatíveis! Aqui pode estar a maior pobreza do ser humano.
Somos chamados a viver juntos como ‘filhos da luz’, cada um com diferentes ‘talentos’, mas a todos se estende o mesmo convite: «Vem tomar parte na alegria do teu senhor». Como é que tu respondes ao chamamento de Deus?
Uma vida luminosa é uma vida fraterna e frutífera no amor. Uma vida luminosa é uma vida empenhada em promover a saúde, a educação, a cultura, a justiça social, a defesa da dignidade humana, a partilha generosa, a sustentabilidade do planeta, a aposta no bem comum, a beleza da paz, a alegria da fraternidade.
A luz da eternidade
A luz da eternidade começa aqui e agora, em especial na relação com os outros. Em vez de olhar para os ‘talentos’ como capacidades ou dons, pensa neles como as pessoas de quem tens de cuidar, sem esquecer os mais pobres e frágeis. São eles que ditarão o ‘sucesso’ ou o ‘fracasso’ da tua existência terrena.
Queres ressuscitar para a vida eterna? Decide o que vais fazer para eliminar, ou pelo menos aliviar, a dor dos irmãos. Mãos à obra!
«Estender a mão leva a descobrir, antes de tudo a quem o faz, que dentro de nós existe a capacidade de realizar gestos que dão sentido à vida. [...] Estender a mão é um sinal: um sinal que apela imediatamente à proximidade, à solidariedade, ao amor» (Papa Francisco).