Confiar no Deus da salvação
21 de Setembro de 2019Imagem de Deus
28 de Setembro de 2019Exortar a pôr-se na presença de Deus equivale a tomar consciência de uma presença que já acontece nesse momento. Contudo, trata-se de uma presença ‘estranha’. Porque não é uma presença igual à que acontece quando estamos perante outra pessoa. Nem sequer é uma presença como a que se dá diante de alguém distante ou invisível.
PRESENÇA
O início da oração cristã é também um convite a colocar-se na presença de Deus. De certa forma, pode parecer estranho: Deus está em toda a parte, estamos sempre na sua presença.
Há duas maneiras de estar na presença de alguém: uma inconsciente e outra consciente.
Exortar a pôr-se na presença de Deus equivale a tomar consciência de uma presença que já acontece nesse momento. Contudo, trata-se de uma presença ‘estranha’. Porque não é uma presença igual à que acontece quando estamos perante outra pessoa. Nem sequer é uma presença como a que se dá diante de alguém distante ou invisível.
Deus é transcendente. A sua presença não pode ser comparada a qualquer outra presença. Não é a de alguém muito importante, ou muito invisível, ou muito distante. É outra coisa. Uma presença omniabrangente, embora invisível e silenciosa aos olhos da carne.
Pôr-se na presença de Deus supõe uma determinada atitude, ou melhor, supõe um estilo de vida: a de quem deixa de olhar para si, de se considerar o centro, para estar consciente de que tudo é graça, que nada, nem sequer a vida, lhe pertence, porque a vida é um dom.
Não é dizer «aqui estou eu», mas «aqui me tens». É tomar consciência de que há uma Presença que desde sempre nos habita e nos interpela a uma relação. É deixar de se considerar um sujeito possessivo, para ser sujeito convocado, vulnerável, e à inteira disposição da Presença misteriosa que nos chama, nos envolve, nos sustém, nos ama.
Pôr-se na presença de Deus é reconhecer que não somos deuses, mas seres limitados. Até mais do que isso: egoístas, pecadores. E estar disposto, pelo menos disposto, a renunciar ao pecado.
Ao sentimento da pequenez é preciso juntar o da grandeza, pois a mera consciência do pecado e da miséria não nos reabilita, antes afunda.
A vida é um presente, sim, mas é um presente que nos é dado por um Pai amoroso, que nos sustém, adota-nos como seus filhos, quer a nossa felicidade. A sua presença não é opressiva, nem acusadora, nem paralisadora, mas libertadora e consoladora. É a presença do amor, nunca manipulável, mas sempre atento a cada um/a.
À luz de Deus, descobrimos a miséria da nossa condição e a grandeza da nossa meta.