Décimo Primeiro Domingo, Ano A
13 de Junho de 2020Valeis muito mais
18 de Junho de 2020A mudança acontece menos pela pregação ou pelo ensino e muito mais pela construção de relações de confiança e de amizade, através da atenção pessoal e da pertença. Os pequenos grupos surgem como uma ferramenta para fomentar a pertença, de modo que a comunidade se converta numa comunidade de comunidades. São essenciais para uma comunidade expressiva e uma paróquia saudável.
COMUNIDADE
Será que o encontro de um grupo de indivíduos dispersos dentro do mesmo espaço celebrativo, isolados e anónimos, durante mais ou menos uma hora por semana, é suficiente para se constituir uma comunidade?
A eucaristia dominical é, em si mesma, um elemento central na formação da identidade pessoal e comunitária dos cristãos. O seu real alcance concretiza-se na geração de uma comunidade onde todos são conhecidos e amados.
O padre James Mallon (Renovação Divina, Paulus Editora), entre os valores preconizados para a renovação, coloca a comunidade formada por diversas pequenas comunidades (grupos).
A paróquia precisa de se assumir como aquele lugar «onde toda a gente conhece o teu nome / E onde ficarão sempre felizes com a tua vida».
O Papa Francisco, em idêntica perspetiva, sugere a comunidade eclesial como o lugar «onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados a viverem segundo a vida boa do Evangelho» (A Alegria do Evangelho, 114).
As limitações provocadas pelo combate à pandemia do coronavírus (SARS-CoV-2) põem em evidência o quanto precisamos de fazer para evitar que a paróquia seja «uma coleção de indivíduos crentes que praticam a sua fé em privado, satisfeitos com a sua autossuficiência».
Hoje, é amplamente reconhecido que a ligação à autoridade e à tradição, ou mesmo ao contexto geográfico, têm cada vez menos importância, também na vivência da fé.
A aposta fundamental passa desenvolver ações que promovam a força de pertencer. «A maior parte das pessoas não entra, permanece ou deixa uma Igreja por causa da fé ou da doutrina. [...] Entra, permanece ou sai da Igreja por causa de um sentido de pertença, por causa da comunidade».
A mudança acontece menos pela pregação ou pelo ensino e muito mais pela construção de relações de confiança e de amizade, através da atenção pessoal e da pertença. Não é esse o sentido dos termos comunidade e comunhão?
Os pequenos grupos surgem como uma ferramenta para fomentar a pertença, de modo que a comunidade se converta numa comunidade de comunidades. São essenciais para uma comunidade expressiva e uma paróquia saudável.