Socorre-me, Senhor
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O amor de Deus, nem que seja em ‘migalhas’, a todos sacia com abundância. O dom divino procura apenas a sinceridade do coração.
‘Socorre-me, Senhor’
A mulher grita sem parar. É a força da sua angústia. O grito, porém, dá lugar à súplica humilde e confiante: «Socorre-me, Senhor».
A postura desta mulher/mãe mostra que a fé também se pode exprimir «como um grito que sai do coração» (Papa Francisco). Quando o clamor dá lugar à confiança, a cura pode acontecer, Deus começa a agir no teu coração e na tua vida.
Perante o sofrimento, nosso ou alheio, não queiramos sufocar o grito. Façamos dele uma súplica confiante. A fé, explicou o Papa Francisco, «é protesto contra uma condição penosa da qual não compreendemos o motivo; a não-fé é limitar-se a padecer uma situação à qual nos adaptamos. A fé é esperança de ser salvo; a não-fé é acostumar-nos com o mal que nos oprime e continuar assim».
Há pessoas que se ficam pelo grito. E bradam contra tudo e contra Deus. Como é que Deus pode permitir que isto aconteça? Que mal fiz eu a Deus para merecer tão grande castigo? O grito torna-se tão ensurdecedor que sufoca o próprio clamor. Isto é falta de fé!
‘É grande a tua fé’
Não precisamos de acusar Deus de ser o autor do sofrimento. Há uma enorme diferença entre permitir que haja o sofrimento e ser Deus a enviá-lo (para nos castigar ou pôr à prova). O sofrimento é, de facto, um grande enigma. Uma coisa tenho como certa: Deus não envia o sofrimento para me ensinar alguma coisa; mas eu posso atravessar o sofrimento para aprender alguma coisa.
‘Atravessar o sofrimento’ é a proposta desta ‘série’ (iniciada no passado domingo com o grito dos discípulos). Dizemos ‘atravessar’ e não aceitar o sofrimento. Porque aceitar pode ser sinal de ‘não-fé’ quando significa resignar-se, limitar-se a padecer, acostumar-se e continuar assim. Atravessar também é diferente de fugir ou ignorar o sofrimento. Atravessar é ainda contrário ao revoltar-se e ficar preso ao sofrimento. Tudo isto é sinal de falta de fé!
A atitude da mulher parece mudar o comportamento de Jesus Cristo: começa por a desprezar para depois lhe enaltecer a fé: «É grande a tua fé». A história da salvação escreve-se com a participação de cada um de nós. A cura (salvação) que Deus oferece há de ser acompanhada pela colaboração humana.
A cura (espiritual)
O medo e a vergonha não são compatíveis com Deus. A Boa Nova de Jesus Cristo também quer chegar a todas as situações da tua vida.
Fala ao Senhor com sinceridade das tuas dores e dos teus problemas, nem que seja aos gritos. E o amor de Deus há de começar a brilhar no teu coração!
A cura mais importante é a espiritual. Experimenta seguir estes quatro passos: primeiro, volta-te para Deus e pede-lhe ajuda; segundo, olha para dentro de ti com sinceridade, vê as tuas desordens e aceita a conversão; a seguir, coloca o foco naquilo que te perturba, que te causa dor, e apresenta-o a Deus com confiança; por fim, repara como o Senhor acolhe o teu problema, a tua dor, e derrama sobre ti a sua bênção.