Suave e reconfortante alegria
3 de Fevereiro de 2024Diagnóstico: Que se passa comigo?
17 de Fevereiro de 2024SEXTO DOMINGO, ANO B
A cura e a salvação estão no centro deste dia, o Sexto Domingo (Ano B). Deus quer curar-nos do pecado. As feridas do pecado são como uma lepra que nos isola de tudo e de todos. «Se quiseres, podes purificar-me»: seja esta a nossa oração.
“Feliz daquele a quem foi perdoada a culpa e absolvido o pecado”
O fragmento do evangelho começa assim: «Veio ter com Ele um leproso, que, suplicando e caindo de joelhos». Isto já era inaudito. Um leproso estava impedido de se aproximar de alguém. O que acontece a seguir é ainda mais inaudito: «profundamente compadecido, estendendo a sua mão, tocou-lhe». Jesus Cristo desrespeita a lei, toca e cura o leproso.
A cura é sinal da realidade interior e invisível. O leproso é símbolo de toda a humanidade pecadora: egoísta, obcecada pelas riquezas, incapaz de perdoar, violenta e vingativa, indiferente ou até implacável perante as fragilidades alheias. O pecado «atinge a pessoa em todas as suas relações: com Deus, consigo mesma, com o outro, com a criação», lembra o Papa Francisco, na Mensagem para o XXXII Dia Mundial do Doente (neste domingo, 11 de fevereiro). A ferida do pecado faz-nos «perder o significado da existência, tira-nos a alegria do amor e faz-nos provar uma sensação opressiva de solidão nas sucessivas passagens cruciais da vida».
Diante do leproso, perante o pecador, a reação de Jesus Cristo é a compaixão. O contacto físico é expressão da proximidade do amor divino. Razão tem o salmista: «Feliz daquele a quem foi perdoada a culpa e absolvido o pecado». Não admira que aquele curado tenha proclamado a todos o que lhe tinha acontecido. Estava feliz!
A arte de curar
Quarta-feira, com a imposição das cinzas, assinalamos o primeiro dia da Quaresma. A fim de uma melhor preparação e motivação, escolhemos este domingo para lançar a ‘série’ quaresmal: «A arte de curar». É uma espécie de passo-a-passo na cura de todas as nossas relações: com Deus, connosco, com os outros, com a criação. Sim, é possível; e todos, qualquer que seja a nossa faixa etária ou estado de vida, podemos empenhar-nos para que tal aconteça, ao longo deste percurso quaresmal.
Juntos, vamos percorrer um caminho pessoal de cura da vida interior e afetiva. Lembremos que a cura é um acontecimento pascal, não é um momento estático, é uma passagem, como indica a palavra hebraica «páscoa»: saltar, passar além de. Médico já temos, é Aquele que toca as nossas feridas e diz: «Quero: fica limpo».
Habitual em qualquer paciente, começaremos pelo diagnóstico, sintomatologias e patologias, alertados para agentes patogénicos e terapias nocivas; depois, buscaremos a cura, um estado saudável, o mais harmonioso possível, pois, como sabemos, a cura é um processo de toda a vida: «é necessária toda a eternidade de Deus para curar o meu coração», diz Fabio Rosini, presbítero italiano, cujos escritos inspiram a ‘série’.
Para me preparar, deixo ecoar a confiança do salmista: «Feliz daquele a quem foi perdoada a culpa e absolvido o pecado». Sinto-me amado. Há uma luz no meu coração!