Corações ao alto
8 de Maio de 2020Quinto Domingo da Páscoa, Ano A
9 de Maio de 2020Na mesa, realiza-se a dupla união dos crentes com Jesus Cristo, pela Eucaristia, e dos irmãos entre si, pelo pão partido, repartido e partilhado. Numa mesa assim, antecipa-se a alegria do Reino dos Céus. Se não nos empenharmos, aqui e agora, a promover mesas assim, não teremos qualquer elemento para comparar o Reino e, portanto, não teremos modo de o fazer compreender, nem desejar.
MESA
A primeira comunidade cristã, segundo conta o livro dos Atos dos Apóstolos, gozava da simpatia de todo o povo. Para isso contribuía a forma como viviam alegres e solidários, à volta da mesa.
Todos estavam de acordo e partilhavam o que tinham, de modo que ninguém passava necessidade. A partilha tinha dois momentos significativos: a celebração da Eucaristia e a refeição em comum. Partilhavam o pão do corpo e o pão do espírito.
A vida estava organizada à volta da mesa. Na mesa, realiza-se a dupla união dos crentes com Jesus Cristo, pela Eucaristia, e dos irmãos entre si, pelo pão partido, repartido e partilhado. Numa mesa assim, antecipa-se a alegria do Reino dos Céus.
A mesa partilhada é também tema recorrente, nas parábolas de Jesus Cristo. O Reino dos Céus é comparado a um banquete, mesa onde há comida boa e abundante para todos, na qual todos se sentem alegres e solidários, ninguém se sente sozinho.
As parábolas não remetiam para um mundo futuro, mas para o presente, para uma outra maneira de organizar este mundo. Se o Reino dos Céus se parece com um banquete, onde há lugar para todos, só quando organizarmos banquetes assim neste mundo é que compreenderemos o que é o Reino. Mais ainda, antecipamo-lo. Se não organizarmos refeições deste tipo, não entenderemos nada do Reino, nada anteciparemos, nem teremos qualquer futuro.
A este respeito, há uma palavra proferida por um dos presentes, numa das refeições. Dirigindo-se ao que o tinha convidado, Jesus Cristo disse-lhe: «Quando ofereceres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e serás feliz por eles não terem com que retribuir-te: ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos». Ao ouvir isto, disse um comensal: «Feliz o que comer no banquete do Reino de Deus!» (cf. Lucas 14, 14-15).
Sugestiva reação! Se isto pode acontecer neste mundo, se neste mundo pode haver mesas assim, nas quais se sentam os pobres, desamparados e necessitados, uma mesa repleta de manjares para os desgraçados da terra, os das ‘periferias’, como será a mesa do Reino dos Céus!
Se não nos empenharmos, aqui e agora, a promover mesas assim, não teremos qualquer elemento para comparar o Reino e, portanto, não teremos modo de o fazer compreender, nem desejar.